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Como se relacionam a pseudociência e a esquerda caviar

Virou chique ser "alternativo" Fake news atacam a ciência, crenças e mitos persistem


QC. Instituto Questão de Ciência. O nome é instigante, seu objetivo maior ainda: defender o uso de evidência científica nas políticas públicas. Fundamental. Três são as prioridades da nova entidade, criada semana passada em São Paulo: a) lutar contra a adoção de terapias pseudocientíficas nos protocolos médicos oficiais, incluindo o SUS; b) influenciar o processo legislativo, em temas como biodiversidade, patrimônio genético e rotulagem de alimentos; c) combater a desinformação científica na publicidade e na mídia. A inspiração do IQC veio de duas organizações civis estrangeiras: a americana Center for Inquiry e a britânica Sense About Science. A primeira se tornou conhecida no esclarecimento de supostos fenômenos paranormais. A segunda atua contra as propriedades "mágicas" dos detox e das pílulas homeopáticas. Natália Pasternak, líder desse movimento brasileiro em defesa da ciência, critica fortemente o uso das chamadas ?práticas integrativas e complementares? que passaram a ser aceitas no SUS, tais como a dança circular, a ozonioterapia e a aromaterapia. Diz a bióloga da USP: ?Tem um monte de coisas que fazem bem, como ouvir música, acariciar um gato ou tomar vinho. Mas não é porque uma coisa faz bem que você vai colocá-la no sistema público de saúde, com dinheiro do povo?. Perfeito. É curioso notar que, a despeito da fantástica evolução do conhecimento científico, persistem ainda na sociedade certas crenças, mitos e superstições populares. Razões culturais, religiosas e ideológicas as explicam. É tradicional, por exemplo, encontrar na entrada de lojas e residências um vaso com plantas que ?espantam o mau olhado?. Arruda, espada de S. Jorge e comigo-ninguém-pode são as mais famosas espécies utilizadas pelas donas de casa. Combatem a inveja e trazem prosperidade. Será?! Simpatias e crendices, rezas e tabus teimosamente resistem ao iluminismo trazido pelo saber. Pior, porém, que as antigas ideias e receitas religiosas, aceitáveis por serem inofensivas, são algumas pajelanças modernas inventadas pela contestação ideológica. A pregação contra as vacinas humanas, por serem desenvolvidas em laboratório com cobaias, ou a condenação dos produtos transgênicos, alimentos especialmente, são exemplos de novas manias, anticientíficas, surgidas recentemente. Com uma diferença: ao contrário das pessoas mais simples, que desde seus tataravôs colocam folhas de arruda atrás da orelha, agora é gente sofisticada que inventa modos elitistas de vida, longe da correria do cotidiano ou distante da ?opressão capitalista?. Virou chique ser ?alternativo?. Esquerda caviar. Benvindo o Instituto Questão de Ciência. O Brasil está realmente precisando muito desse debate, sério e consistente, sobre a qualidade e a veracidade das informações públicas. O fenômeno das fake news, que a todo preocupa, não afeta apenas a política. Ele ataca também a ciência. Todo cuidado é pouco. A pseudociência é bem mais perigosa que uma crendice popular. Esta é ingênua, direta; aquela, maliciosa, dissimulada. Um pote de sal grosso atrás da porta não prejudica ninguém; banir a proteína animal da face da Terra levaria milhões à subnutrição. Vida longa ao Instituto Questão de Ciência. Uma democracia verdadeira exige cidadania consciente, capaz de discernir, com conhecimento de causa, sobre a veracidade das narrativas que lhes chegam aos ouvidos. Para separar mitos da realidade concreta, há somente um caminho: aquele erigido pelo método científico. Fora dele, é puro achismo.

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