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Embrapa precisa de um choque de gestão - por Xico Graziano


Acaba de ser escolhido o novo presidente da Embrapa. Seus desafios são enormes. Será necessário dar um choque de gestão na pesquisa agropecuária. Primeiro, existe um problema de administração interna. Nos últimos anos, a estatal aumentou demais a burocracia e provocou uma centralização dos processos decisórios. Fortaleceu a sede em detrimento da base, e isso tolheu, de certa forma, a liberdade da criação científica. Pesquisador científico tem que estar no laboratório, acompanhar ensaio de campo, participar de colóquios, não ficar preenchendo relatórios inúteis. Segundo, passamos por uma tremenda, e longa, crise fiscal do Estado, o que contrai o orçamento público. Impõe-se uma reengenharia financeira na Embrapa, capaz de enxugar o custeio da máquina e captar fontes extras de recursos, internas e externas. Mais que nunca, se o cobertor é curto, prioridades devem ser estabelecidas, assim como indicadores de produtividade precisam avaliar o trabalho individual e coletivo. Gestão de resultados deverá ser um conceito-chave da nova Embrapa. Terceiro, será necessário realinhar os objetivos estratégicos da Embrapa. Passados 45 anos, desde sua criação, muita coisa mudou, no Brasil e no mundo. Outra realidade se impõe, no campo e na cidade. Chegou, por isso, o momento de a Embrapa se superar. Senão, perderá o bonde da história. Olhando para o horizonte, pôde-se apontar 4 linhas de raciocínio: - Após o Acordo do Clima, de Paris, abriu-se uma grande oportunidade para o Brasil, por suas notórias vantagens comparativas devido ao seu elevado potencial fotossintético. A Embrapa pode brilhar nessas fronteiras do conhecimento, investindo em CTI para superar o dilema histórico entre produzir e preservar, tornando-se parâmetro científico da agricultura sustentável. - A Embrapa nasceu fortemente vinculada à produção, mas anda perdendo suas conexões com as complexas cadeias produtivas que determinam a dinâmica do agro. Reconectar a Embrapa no mundo da produção ligada ao agronegócio é um imperativo para seu futuro; - A Embrapa não pode suportar, como empresa pública de geração e transmissão de conhecimento, a exclusão tecnológica que se verifica no país. Cabe-lhe, junto com os governos estaduais, preocupar-se com os pequenos agricultores situados à margem da modernização tecnológica. Ajudar o agronegócio familiar deve ser uma baliza da Embrapa; - A Embrapa é uma morada do saber puro e do conhecimento tecnológico. Jamais suas atividades poderão ser vinculadas às ideologias de plantão, de qualquer coloração. Militância política não combina com produção científica. Não são, como se vê, questões fáceis. Sua resolução depende de um processo muito sério, participativo, de discussão, dentro e fora da Embrapa. Não poderá ser imposto, tampouco interminável. Tudo, ainda, dependerá do resultado das eleições. Quem vencer estabelecerá uma diretriz. Falando nisso, será que os candidatos presidenciais conhecem a Embrapa? Sabem da sua importância para o desenvolvimento brasileiro? Tomara que sim.

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