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Nem capitalismo predatório nem catastrofismo ecológico

- por Xico Graziano


É possível conciliar a agenda das mudanças de clima, com a proteção florestal e a produção agropecuária? A Coalizão Brasil acredita que sim. Trabalha nessa convergência. Lançada há pouco mais de 3 anos, a Coalizão Brasil ? Clima, Florestas e Agricultura representa uma grande novidade no debate nacional. Ao contrário do que se vê, a entidade não perde tempo na divergência, e sim busca consensos. Quer evoluir na solução, não empacar no problema. Começa pela sua inusitada composição, aglutinando organizações e empresas de variados setores: a) representantes do agronegócio, como a Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), a SRB (Sociedade Rural Brasileira) e a Única (União da Indústria de Cana-de-Açúcar; b) as principais organizações civis do meio ambiente, biodiversidade e clima, como a WWF (World Wide Fund for Nature), WRI (World Resources Institute ) e Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia); c) companhias líderes nas áreas de florestas plantadas (Fibria), ou cosméticos (Natura); d) pesquisa e meio acadêmico, como a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). No foco, a construção da economia de baixo carbono. A Coalizão Brasil se articula para enfrentar as mudanças climáticas. Na pauta estão a redução das emissões de gases do efeito estufa (GEE) e o sequestro de carbono, via fotossíntese das plantas. Lançado em junho de 2015, seu documento-base defende que o Brasil assuma a liderança global da nova era econômica de baixo carbono, gerando prosperidade e inclusão social. Cerca de 200 participantes, de elevado nível técnico/profissional, reúnem-se com regularidade para formular as propostas dessa agenda de futuro. Finalizam agora, em 30 de julho, sua "Plataforma Eleições 2018", um conjunto de propostas a ser apresentado aos candidatos, em todos os níveis. Querem colocar o uso da terra na prioridade nacional. Afora suas sólidas contribuições temáticas, a Coalizão Brasil está oferecendo um belo exemplo de civilidade. Ensina como podemos enfrentar o empobrecimento da inteligência coletiva em nossa sociedade. Seus membros valorizam o argumento fundamentado, não a retórica pobre. Manda lá o conhecimento científico, não o raciocínio ideológico. Vale a precisão técnica, não o achismo. Nem capitalismo predatório nem catastrofismo ecológico. A história da humanidade atesta que, por meio da conscientização, da legislação e, principalmente, por meio do avanço tecnológico, os dilemas entre produzir e preservar estão sendo superados. Vale para a indústria como para a agricultura. No campo, a tremenda elevação da produtividade favorece a biodiversidade. Na safra passada, colhemos 228 milhões de toneladas de grãos, em 62 milhões de hectares plantados. Mantido o rendimento médio observado há 40 anos, a área plantada teria que ser acrescida de 120 milhões, para colher o mesmo volume atual. Ou seja, a tecnologia causa um extraordinário efeito-economia de florestas nativas. Ecologistas radicais temem a expansão do agronegócio. Esquecem-se que dos canaviais sai o etanol e a bio-eletricidade, da soja vem o biodiesel, do eucalipto a energia dos fornos. A integração lavoura-pecuária-florestas, sistema produtivo que já domina 30% da produção agrícola, traz ganhos ecológicos impensáveis há uma década. Por onde se olha, há uma agenda positiva rolando na roça. Há que se tirar o véu obscuro do passado para enxergar as oportunidades que unem clima, florestas e agricultura. Isso faz a Coalizão Brasil: ativa nossas sinergias, bloqueadas pelo debate estúpido que, frequentemente, cria animosidade onde poderia prevalecer a cumplicidade. Estamos a um passo de eleger nosso próximo presidente da República. Eleito, quem seja, deponha as armas da intolerância política e promova um diálogo nacional. Todos ganharemos. Lição da Coalizão Brasil.

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