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Ataques em processo judicial atingem advogada, promotora e juíza em Cascavel

Entidades classificam condutas como violência de gênero e cobram medidas judiciais


O que deveria ser um processo judicial comum acabou tomando proporções inesperadas em Cascavel. Além das partes diretamente envolvidas, os desdobramentos do caso passaram a atingir profissionais do sistema de Justiça. Uma advogada, a promotora responsável pelo acompanhamento do processo e até uma juíza passaram a ser alvo de ataques pessoais.

Um detalhe chama atenção: todas as profissionais atacadas são mulheres.

A advogada Rafaela Polidoro foi contratada por uma familiar para atuar em um processo de divórcio com discussão de guarda. A ação tramita em segredo de Justiça. Após o início do processo, o ex-marido da cliente passou a promover uma série de ataques pessoais contra a advogada, inclusive por meio da criação de diversas páginas na internet, dando início a uma perseguição virtual.

Segundo Rafaela, as ameaças são reiteradas e envolvem violência de gênero, calúnia, difamação, denunciação caluniosa, perseguição e exposição indevida, caracterizando a prática de stalking. Ela afirma que a situação fugiu completamente do controle.

Diante da gravidade do caso, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Subseção Cascavel passou a prestar apoio institucional à profissional. De acordo com a secretária-geral da OAB, Eliane Deola da Fonseca, a entidade acionou imediatamente o setor de prerrogativas e acompanhou a advogada em todos os encaminhamentos necessários, incluindo registros na delegacia e providências jurídicas.

Os ataques, no entanto, não se limitaram à advogada. A promotora de Justiça Simone Lúcia Lórens também passou a ser alvo de agressões, que incluem tentativas de intimidação e desqualificações pessoais. Diante disso, a Associação Paranaense do Ministério Público (APMP) divulgou uma nota de repúdio, classificando as condutas como violência de gênero.

No documento, a entidade afirma que os ataques extrapolam qualquer crítica legítima e atentam contra a independência funcional do Ministério Público, além de configurarem tentativa de intimidação e deslegitimação do trabalho institucional. A APMP destacou ainda que atacar uma promotora de Justiça no exercício de suas funções representa também um ataque às instituições democráticas e informou que adotará todas as medidas institucionais e jurídicas cabíveis para garantir a segurança e o pleno exercício das atribuições da promotora.

Em nota pessoal, Simone Lúcia Lórens afirmou que há cerca de 40 dias vem sendo alvo de perseguição sistemática, ataques reiterados, violência psicológica e violência de gênero. Segundo ela, desde o dia 15 de dezembro tramita um procedimento judicial que solicita a aplicação de medidas cautelares para impedir novas publicações ofensivas, mas até o momento não houve decisão judicial. A promotora alertou que a ausência de uma resposta jurisdicional tempestiva contribui para a continuidade das agressões.

Simone também agradeceu o apoio recebido de instituições, entidades de classe e da sociedade, destacando que a solidariedade fortalece outras mulheres que enfrentam situações semelhantes. Apesar de reafirmar confiança no sistema de Justiça, ressaltou a urgência de medidas efetivas para coibir a violência e proteger as vítimas.

O Conselho da Mulher de Cascavel também se manifestou contra os ataques. A presidente da entidade, Beth Leal, afirmou que a situação evidencia violência de gênero e destacou que a promotora sempre atuou com competência e responsabilidade no caso.

Já a Associação dos Magistrados do Paraná (AMAPAR) divulgou nota de repúdio aos ataques direcionados à juíza Fernanda Batista Dornelles. Segundo a entidade, as manifestações extrapolam os limites da crítica legítima, envolvem distorção de fatos e exposição indevida de um processo que tramita sob sigilo e envolve interesses de uma criança.

A AMAPAR ressaltou que o inconformismo com decisões judiciais é legítimo em um Estado Democrático de Direito, mas deve ser manifestado por meio dos recursos legais, e não por ataques pessoais ou campanhas de constrangimento nas redes sociais. A entidade alertou ainda que a exposição pública de informações ligadas à intimidade de uma criança agrava a situação, por violar o dever legal de proteção integral do menor.

Confira detalhes no vídeo:


Reportagem de Déborah Evangelista | EPC - ESPORTE, POLÍTICA E CIDADANIA

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