Vídeo: seminarista relata abusos em Cascavel

O Portal Catve.com teve acesso ao depoimento (VÌDEO) de uma vítima de abuso sexual dentro da Cúria Metropolitana em Cascavel, ocorrido entre 2012 e 2013, quando o rapaz ainda era seminarista. Ele afirmou que o falecido arcebispo Dom Mauro Aparecido dos Santos pedia que os seminaristas deitassem em seu colo e, em seguida, os acariciava.

A denúncia surgiu durante a investigação contra um padre de 41 anos, que atuava no bairro Periolo, em Cascavel. Ele foi preso no domingo (24) e encaminhado à Carceragem da Cadeia Pública, investigado por Estupro de Vulnerável. Até o momento, três vítimas foram identificadas: um acólito, um ex-usuário de drogas e um seminarista.

O caso chegou às autoridades quando uma das vítimas tentou suicídio em dezembro de 2024. A tia procurou a Polícia Militar, que elaborou um relatório de inteligência e encaminhou o caso à Polícia Civil. A Igreja Católica afastou o padre em agosto de 2025.

Nesta segunda-feira (25), a delegada Thais Regina Zanatta, titular do Nucria (Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes), informou que há relatos de abuso também por parte do arcebispo, que faleceu em 2021. Segundo a delegada, o arcebispo teria feito dois seminaristas assinarem um termo de sigilo sobre os abusos e tinha uma relação próxima com o padre investigado, o que pode ter facilitado a condescendência com os abusos.

A Igreja Católica não é investigada, mas poderá responder caso fique comprovada condescendência criminosa.

Sobre a operação:

No domingo (24), a Polícia realizou a Operação "Lobo em Pele de Cordeiro" na casa da mãe do padre investigado. Foram apreendidos computadores, aparelhos telefônicos e diversos brinquedos, incluindo videogames. O padre foi preso temporariamente.

INVESTIGAÇÃO

O inquérito foi instaurado em 16 de julho de 2025, com base no Relatório Técnico nº 122417/2025 da Agência Regional de Inteligência do 5º Comando Regional da Polícia Militar, que apontou possíveis ocorrências de abuso sexual contra menores.

Segundo as investigações, o padre teria adotado um padrão de comportamento predatório desde 2010, quando ainda era seminarista, envolvendo jovens em atividades religiosas e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, possivelmente atraídos com dinheiro, presentes, viagens e convites para pernoitar em sua residência.

O religioso havia sido afastado das funções eclesiásticas em 14 de agosto de 2025 pela Diocese de Cascavel, após as primeiras evidências do caso. Durante o período investigado, atuava como pároco de uma igreja católica na região.

As apurações seguem para identificar novas vítimas e esclarecer todos os fatos. A Polícia Civil reforça que eventuais outras vítimas ou testemunhas devem procurar o Nucria de Cascavel pelos canais: (45) 3326-4909, Disque 100 ou Disque 181.

Evelyn Antonio | Catve.com