Apostas online viram pesadelo para famílias e casos chegam à polícia em Cascavel

As apostas online vêm se tornando um problema de saúde pública. Em Cascavel, casos de vício nesse tipo de jogo já chegaram à delegacia. A facilidade de acesso e a promessa de lucro rápido têm transformado o jogo virtual em uma armadilha para muitas famílias.

De acordo com o Ministério da Saúde, o Paraná registrou 27 atendimentos por transtorno do jogo em 2024. Só até abril deste ano, já foram sete casos. Em Cascavel, os reflexos são claros: vícios em apostas online resultaram em ocorrências policiais.

Em um dos casos, um homem forjou o próprio sequestro para tentar extorquir dinheiro da mãe. A mulher, moradora de Piraí do Sul, foi informada de que o filho estaria em cativeiro em Cascavel e que os supostos sequestradores exigiam R$ 500 pelo resgate. Na verdade, o dinheiro seria usado para apostas.

Outro caso foi registrado no bairro Santa Cruz, onde um rapaz pegou mil reais da mãe, sem autorização, para apostar. O jovem foi denunciado por apresentar comportamento agressivo dentro de casa.

O psicólogo Cristiano de Souza explica o processo do vício:

"O vício muitas vezes não é reconhecido num primeiro momento, por vários fatores. Às vezes, pelo próprio processo de negação, a pessoa não percebe que já apresenta sintomas. Além disso, há o sentimento de culpa pelos prejuízos causados. Quando o sujeito perde o poder de escolha, isso já é um sinal claro de dependência."

Segundo o profissional, o vício também surge como uma tentativa de lidar com o sentimento de fracasso e de buscar sucesso, especialmente financeiro. "É uma forma de tentar ter controle sobre o acaso, o destino. E também uma busca por um ideal de felicidade, que na nossa sociedade está muito ligado ao ter", comenta.

Cristiano alerta que muitos dependentes não procuram ajuda por vergonha. Na maioria das vezes, a família percebe a mudança de comportamento e busca atendimento.

"A psicoterapia é uma ferramenta importante para que a pessoa se reconecte consigo mesma, entenda seus próprios desejos e consiga construir relações mais saudáveis com a família e com as coisas que busca", finaliza o psicólogo.

Confira detalhes no vídeo acima.

Reportagem de Diego Hellstrom | EPC - ESPORTE, POLÍTICA E CIDADANIA