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Os "salves" que deflagraram a guerra entre PCC e CV

Mensagens de PCC e CV incluídas em estudo de pesquisadora mostram as divergências para guerra entre facções


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Rafaela Felicciano/Metrópoles; Reprodução/TV Record

O confronto entre as facções criminosas Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV), que se intensificou a partir de 2016, teve suas raízes reveladas por uma série de comunicados internos, conhecidos como "salves". Esses avisos, trocados entre os membros das facções, mostraram o rompimento de uma aliança que, até então, mantinha relativa paz entre as duas maiores organizações criminosas do país.

De acordo com o estudo "Dinâmicas de violência e políticas de segurança nas regiões brasileiras: o impacto das facções criminais — Macrorregião Norte", realizado pela pesquisadora Camila Caldeira Nunes Dias, da Universidade Federal do ABC (UFABC), os "salves" não só destacaram desentendimentos comerciais relacionados ao tráfico de drogas, mas também questões ideológicas e morais que levaram ao afastamento entre o PCC e o CV. A informação foi divulgada pelo colunista Guilherme Amado no Portal Metrópoles.

A pesquisa, publicada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), explora o contexto de expansão das facções antes do início do conflito, bem como as razões e consequências desse rompimento. A guerra aberta entre as facções se intensificou em rebeliões sangrentas dentro de presídios e resultou em uma escalada de homicídios fora das cadeias, contribuindo para o aumento das taxas de violência em diversas regiões do Brasil.

Um dos "salves" do PCC, emitido em junho de 2016, denunciava que o Comando Vermelho estava se aliando a inimigos da facção paulista em vários estados. A mensagem advertia que o PCC não aceitaria essa situação e que retaliaria onde fosse predominante, proibindo o CV de recrutar novos membros. "Não buscamos ser donos do crime no país, mas nosso nome tem que ser respeitado", afirmava o comunicado.

Em resposta, o Comando Vermelho enviou um "salve" em que rejeitava as imposições do PCC e reafirmava sua independência, destacando que "o CV não recebe ordens de ninguém". A facção carioca também sinalizou que, apesar de prezar pela paz, não fugiria de uma guerra caso fosse necessário.

A tensão culminou em setembro de 2016, quando o PCC declarou oficialmente guerra ao Comando Vermelho após uma rebelião na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Roraima, que resultou na morte de dez líderes do CV. O comunicado do PCC explicava que, após anos de tentativas de diálogo, a aliança do CV com facções inimigas tornou o conflito inevitável.

A escalada desse confronto entre PCC e CV não só refletiu uma divisão de interesses, mas também revelou um embate por poder e controle no cenário criminal brasileiro, cujos efeitos ainda são sentidos em várias regiões do país.

Da redação Catve com Informações do Portal Metrópoles

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