Foto: Reprodução/Instagram
A farmacêutica de Curitiba Daniela Stuart passou a ser investigada pela Polícia Civil do Paraná. Ela vendeu o curso online de ‘peeling de fenol’ para a influencer Natalia Fabiana de Freitas Antônio, conhecida como Natalia Becker, que foi indiciada por homicídio com dolo eventual em São Paulo.
Natalia aplicou o produto químico no empresário Henrique Silva Chagas que morreu, em 3 de junho, ao ser submetido ao procedimento na clínica de Natália, em São Paulo. A influencer responde ao crime em liberdade. O estúdio de Natália foi fechado pela prefeitura por suspeita de irregularidades.
A Polícia Civil de São Paulo aguarda o resultado do laudo que apontará a causa da morte do paciente, no entanto, a principal hipótese é a de que ele morreu em razão do fenol. Durante o interrogatório, Natália disse que aprendeu a aplicar o ‘peeling de fenol’ em um curso online adquirido no valor de R$ 500.
As aulas eram ministradas pela farmacêutica Daniela Stuart, que atua em Curitiba, no Paraná. Após pedido da Polícia Civil de São Paulo, a Polícia Civil do Paraná abriu uma investigação para apurar a conduta da profissional paranaense Daniela.
Em um vídeo publicado no Instagram, Daniela afirma que Natália não seguiu o protocolo mencionado no curso e que ela concluiu a formação no último sábado (8), cinco dias após a morte do empresário. "Há evidências de que Natália lesionou a pele do paciente antes da aplicação do peeling e qualquer profissional habilitado na área da estética sabe que não se faz nada em pele que não esteja íntegra", afirma a farmacêutica.
Ainda de acordo com Daniela, Natália não tinha o conhecimento e a formação necessários para realizar a aplicação do peeling de fenol - procedimento que é considerado invasivo e, segundo o Conselho Regional de Medicina de São Paulo, pode ser aplicado somente por médicos dermatologistas.
Em coletiva de imprensa, a defesa de Daniela afirma que o curso é livre, apenas conceitual e que não garante aptidão nem habilidade para quem adquire. O advogado reitera que é precipitado tentar veicular Daniele ao homicídio do empresário.
Ainda segundo a defesa, o curso ofertado por Daniela Stuart explicava no anuncio que era destinado para que profissionais habilitados pelos conselhos de classe (famacêuticos, biomédicos, enfermeiros, dentistas e fisioterapeutas) pudessem aplicar o peeling de fenol de nível médio.
Daniele Stuart, farmacêutica em Curitiba
Nas redes sociais, a dona do curso se apresenta como doutora e que já vendeu mais de 3 mil cursos com o método de aplicação de 'peeling de fenol'. A delegada responsável pelo caso se manifestou por vídeo afirmando que após repercussão do caso nesta quarta (12) o conselho regional de Farmácia informou que neste momento, por decisão liminar, o farmacêutico está proibido de fazer esse tipo de procedimento, como peeling. Stuart prestou depoimento para a polícia.
" A investigada de Curitiba vai responder por exercício ilegal da medicina, por realizar peeling de fenol nos pacientes, e falsificação de documentos particulares, por detalhes no certificado de conclusão do curso online que vende".
Somente médicos podem aplicar o 'peeling de fenol'
De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), a aplicação do 'peeling de fenol' deve ser feita apenas por médicos, preferencialmente com especialização em dermatologia ou cirurgia plástica.
O comunicado foi divulgado após um empresário morrer após a aplicação do quimíco em uma clínica em São Paulo (SP). O 'peeling de fenol' foi aplicado por Natalia Fabiana de Freitas Antônio, profissional sem qualificação em medicina.
No texto, o CFM reitera ainda que, mesmo realizado por médicos, todo procedimento estético invasivo deve ocorrer em ambiente preparado com obediência às normas sanitárias e estrutura para imediata intervenção de suporte à vida, em caso de intercorrências.
No Brasil, 10 mil procedimentos ilegais foram feitos entre 2012 e 2023
Levantamento realizado pelo CFM mostra que no período de 2012 a 2023 foram registrados no Brasil cerca de 10 mil boletins de ocorrência e processos judiciais cuja motivação foi o crime de exercício ilegal da medicina. O estudo levou em conta números oficiais do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e das Polícias Civis de 22 estados.
"Muitos desses casos implicaram em prejuízos financeiros, danos morais, sequelas (de diferentes níveis) e até mortes de pacientes atendidos por profissionais sem formação médica", constata a federação.
O crime de exercício ilegal da medicina envolve, entre outras práticas, a realização de procedimentos invasivos (diagnósticos, terapêuticos ou estéticos) caracterizados por inserções ou aplicações de substâncias que transpassam as camadas superficiais da pele, exigindo dos seus executores adequada capacitação técnica oferecida apenas aos graduados em medicina, o que reduz significativamente as chances de exposição dos pacientes a efeitos deletérios.
Redação Catve.com
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