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Paraguaios são resgatados de trabalho escravo em fábrica clandestina de cigarros

Trabalhavam 12 horas por dia, sete dias por semana, com intervalo de 10 minutos


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Foto: Polícia Federal

Uma operação deflagrada pela Polícia Federal resgatou 19 trabalhadores de origem paraguaia em situação análoga à escravidão em uma fábrica clandestina de cigarros em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, nesta segunda-feira (20). A diligência contou com o apoio do Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT-RJ), Ministério do Trabalho e Previdência e Receita Federal.

Os trabalhadores foram aliciados no Paraguai com promessas de trabalho e bons salários. Levados até São Paulo, tiveram seus celulares confiscados e olhos vendados, mediante coação de pessoa armada, até chegarem ao local da fábrica, onde ficaram alojados. Trabalhavam em jornada excessiva, 12 horas por dia, sete dias por semana, com intervalo de 10/15 minutos e sem descanso semanal. Viviam sob vigilância constante de câmeras e pessoas armadas. Alguns receberam um adiantamento antes de saírem do Paraguai. Após chegarem ao Brasil, não receberam nenhuma remuneração, trabalhavam sem equipamentos de proteção e sem treinamento para operar as máquinas.

O local não tinha as mínimas condições de higiene, os paraguaios conviviam com cerca de 11 cachorros, em um ambiente sem janelas e sem comunicação com o exterior. Foram proibidos de ter contato com a família e ameaçados de morte se tentassem sair do local. Na fábrica havia apenas um banheiro muito sujo. A água utilizada para o banho estava contaminada e muitos trabalhadores ficaram com problemas de pele. Havia também comida estragada.

Após o resgate, o MPT-RJ colheu depoimentos dos 19 homens na Superintendência da Polícia Federal. As vítimas foram atendidas pela Cáritas Arquidiocesana, por meio do Projeto Ação Integrada, e alocados em um hotel, com alimentação e estadia garantidas até o retorno ao Paraguai. Os paraguaios foram encaminhados ao Ministério do Trabalho e Previdência para darem entrada no seguro-desemprego. O retorno dos trabalhadores ao país de origem está sendo articulado pelo Consulado do Paraguai.

O MPT-RJ deve ajuizar Ação Civil Pública para garantir o pagamento das verbas trabalhistas e indenização aos trabalhadores por meio da venda do maquinário encontrado na fábrica.

MPT

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