O Ministério dos Transportes finalizou um projeto que propõe o fim da obrigatoriedade de frequentar autoescolas para tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) nas categorias A e B. A medida, que agora está em análise na Casa Civil, tem como objetivo democratizar o acesso à habilitação e promover a inclusão social.
Atualmente, o custo médio para obter a CNH gira em torno de R$ 3.200, sendo aproximadamente R$ 740 referentes a taxas do governo e cerca de R$ 2.400 destinados às autoescolas. Com a mudança, o candidato ainda precisaria ser aprovado nas provas teórica e prática do Detran, mas poderia optar por ter aulas com um instrutor autônomo credenciado.
Segundo dados do próprio governo, 54% da população brasileira não dirige ou dirige sem habilitação. Enquanto isso, 42% dos habilitados dirigem carros e 27% conduzem motocicletas. A proposta pode beneficiar os 30% da população que afirmam ter interesse em obter a CNH no futuro, mas enfrenta resistência de profissionais do setor.
Para Jair Vanderlei Mallmann Eede, diretor de ensino, a medida pode elevar o número de acidentes.
"Hoje, mesmo com aulas obrigatórias, temos índices altos de sinistros em Cascavel, colisões, capotamentos, avanços de sinal. Imagine se o condutor não tiver aulas práticas? Isso tende a aumentar ainda mais os acidentes", alerta.
O empresário José Elias Misael concorda e reforça que, mesmo com as 20 aulas exigidas atualmente, muitos alunos saem sem segurança no trânsito.
"Uma ou duas aulas não tornam ninguém apto a dirigir. Se as pessoas puderem escolher quantas aulas fazer, isso vai prejudicar ainda mais a formação dos condutores", afirma.
Outro ponto crítico citado por especialistas é a estrutura para a realização das provas práticas. Atualmente, apenas autoescolas oferecem veículos adaptados com comandos duplos, exigidos nos exames.
O projeto ainda deverá passar por diversas discussões antes de qualquer possível implementação.
"Nosso trânsito precisa de segurança. Sem preparo, não há segurança", conclui José Elias.
Confira detalhes no vídeo acima:
Reportagem de Diego Hellstrom | EPC - ESPORTE, POLÍTICA E CIDADANIA
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