Trânsito

Caminhoneiros do Paraná enfrentam frio extremo a 4,2 mil metros de altitude em montanha no Chile

Motoristas têm dificuldades para respirar após nevasca bloquear rodovia


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Foto: Arquivo Pessoal | Vanderlei Bado

A 4,2 mil metros de altitude, no Paso de Jama, na fronteira entre a Argentina e o Chile, o caminhoneiro paranaense Vanderlei Bado, de 38 anos, teve a viagem interrompida por uma nevasca na última quinta-feira (26).

Naquela data, os termômetros marcaram 16 graus negativos. Ao redor, havia apenas neve, vento, silêncio e incerteza.

Ele faz a rota — Joinville (SC) a Antofagasta, litoral do Chile — há cinco anos e, pela primeira vez, viveu uma situação extrema na estrada.

A viagem começou precisamente às 11h40.

A neve começou a cair por volta das 13h30. Uma hora depois, às 14h30, o motorista parou na rodovia CH-27, que liga o Chile à Argentina pelo Paso de Jama.

Outros 53 veículos também ficaram presos no trecho.

O resgate, feito por militares chilenos, começou a chegar por volta das 15h. Com a pressão arterial elevada, Vanderlei Bado foi levado ao hospital e, depois, alimentou-se.

Vanderlei, morador de Matelândia (PR), afirmou que os brasileiros foram bem tratados pelas autoridades locais e não houve necessidade de internamento. Apesar disso, enfrentam escassez de comida e dificuldades para respirar.

Hoje (1°), ele e mais três brasileiros estão em uma pousada em São Pedro de Atacama, no Chile, a cerca de 153 km de distância de onde deixou o caminhão. Os veículos de carga chilenos começaram a ser removidos, aos poucos, nesta tarde.

Rodovia segue fechada até 7 de julho por causa do mau tempo

Cerca de 200 caminhoneiros paraguaios e brasileiros, incluindo paranaenses, ainda estão presos na montanha. O governo chileno e a Prefeitura de São Pedro de Atacama informaram que, devido às condições climáticas adversas dos últimos dias, está proibida a circulação de veículos na rodovia CH-27.

A interdição vale do km um até a fronteira com a Argentina, entre os dias 30 de junho e 7 de julho de 2025, em todos os horários.

A medida, de caráter excepcional e temporário, visa proteger a segurança dos motoristas e usuários da via. Estão excluídos da proibição veículos de emergência, segurança, carabineros e apoio logístico às ações de resgate.

A situação poderá ser reavaliada caso as condições climáticas mudem.

Caminhoneiros se ajudam como podem enquanto enfrentam frio e altitude extrema

Caminhoneiros de uma transportadora de Foz do Iguaçu, na região da Tríplice Fronteira, também estão entre os trabalhadores retidos no Paso de Jama. Aleandro Bianchini e Silvio Morais, ambos de Matelândia (PR), estão bem e amparados.

Já Cristiano José Martins, de 42 anos, morador de Foz do Iguaçu, contou que está há cinco dias na região do Paso de Jama.

"Temos caixa de cozinha nos caminhões. Eu estou só com o cavalinho, mas há outros nove motoristas da mesma empresa aqui. Estamos comendo juntos, mas o custo de vida aqui é muito alto. Sempre trouxemos os mantimentos do Brasil para toda a viagem, mas quando acontecem essas nevascas, precisamos acabar comprando aqui mesmo", explicou.

Direto de San Salvador de Jujuy, na Argentina, Cristiano enviou um vídeo ao Catve.com. Na gravação, ele mostra caminhoneiros abrigados em uma estação de serviço. Na base, há comida, banheiros e água quente.

Segundo Cristiano, o maior desafio no Paso de Jama é o ar rarefeito e o frio intenso. "Está muito frio lá em cima", relatou.

A empresa autorizou que ele desengatasse o cavalo do caminhão e descesse para a base, onde os motoristas se ajudam como podem.




Por Samuel Rocha | Catve.com

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