As autoridades de trânsito estão preocupadas com o aumento de acidentes causados por motoristas que sofrem mal súbito ao volante — ou seja, uma ocorrência repentina e inesperada de um problema de saúde grave, como perda de consciência ou até mesmo morte.
Com o trânsito cada vez mais intenso e movimentado, as colisões se repetem e chamam a atenção para um fator muitas vezes invisível, mas fatal: a saúde do condutor.
Há poucos dias, um homem de 61 anos morreu em um
acidente na BR-369, em Cascavel, quando o carro que dirigia colidiu frontalmente com um caminhão. A principal suspeita é de que ele tenha passado mal antes do impacto. Segundo o motorista do caminhão, o carro já estava tombado na pista no momento da batida.
Outro caso semelhante aconteceu dias antes, também em Cascavel,
na BR-277. O condutor de um carro perdeu o controle da direção e colidiu com um caminhão. De acordo com socorristas do Siate, ele teria passado mal ao volante. Tanto o motorista quanto a passageira, uma idosa de 70 anos, sofreram ferimentos moderados. Ela ficou presa às ferragens e precisou ser retirada pelo porta-malas do veículo.
O cardiologista Anderson Dallazen explica que existem diversas condições médicas que podem levar a episódios de mal súbito.
"As doenças cardiovasculares são as mais predominantes, como o infarto e o AVC. No inverno, os índices de infarto aumentam por causa da vasoconstrição causada pelo frio, que eleva a pressão arterial. Outros fatores incluem hipoglicemia — em pacientes diabéticos que usam insulina — e crises convulsivas, em epiléticos ou não. Todas essas condições podem provocar perda súbita de consciência e causar acidentes."
A responsável pelo Cotrans (Comitê Intersetorial de Prevenção e Controle de Acidentes de Trânsito de Cascavel), Luciane de Moura, destaca que, embora nem sempre seja possível comprovar se a causa foi um mal súbito, os indícios estão presentes.
"Muitas vezes não conseguimos confirmar com certeza, mas a dinâmica do acidente, relatos de testemunhas e informações dos familiares indicam que há fortes suspeitas", afirma.
Médicos reforçam que a melhor forma de evitar tragédias como essas é a prevenção.
"O paciente diabético que usa insulina deve sempre ter consigo um lanche e evitar ficar muito tempo sem se alimentar. Eles geralmente reconhecem os sinais iniciais da hipoglicemia. Quem tem crises convulsivas deve manter a medicação em dia. Já os pacientes com doenças cardiovasculares precisam de acompanhamento médico regular. A partir dos 40 anos, o risco de eventos como infartos e AVCs aumenta significativamente. Por isso, o ideal é manter uma rotina de exames preventivos e buscar orientação médica antes de dirigir", orienta Dallazen.
Confira detalhes no vídeo:
Reportagem de Caio Vasques | EPC - ESPORTE, POLÍTICA E CIDADANIA