Foto: Jeff D'Ávilla
De uma ponta a outra do Paraná, a BR-277/PR transporta vidas e a economia do estado. Esta rodovia é a espinha dorsal do Paraná. Ela sai de Foz do Iguaçu, na divisa com o Paraguai, e segue até o porto de Paranaguá, o segundo maior do Brasil. Mas o corpo não se movimenta bem se a coluna não estiver em dia. Assim, para atrair investimentos que assegurem a ampliação da infraestrutura necessária ao povo paranaense, o Ministério dos Transportes realiza, nesta quinta-feira (19), o leilão do Lote 6 das rodovias integradas do estado.
Neste lote está o trecho da BR-277/PR que vai de Foz do Iguaçu até o município de Guarapuava. Com o leilão deste segmento, o governo federal completa a concessão total da estrada. Os certames dos lotes 1 e 2, que passam pela Região Metropolitana de Curitiba, foram realizados em 2023, no início da atual gestão.
Além da BR-277/PR, o Lote 6 compreende a BR-163/PR e a BR-469/PR, e as estaduais PRs-158/180/182/280/483. Este conjunto de estradas atravessa 30 cidades e possui uma extensão de 662,12 quilômetros, a maioria com pista simples. É justamente na ampliação de capacidade de tráfego que o projeto de concessão tem um de seus principais focos. A previsão é de aportes de R$ 20,11 bilhões e mais de 462 quilômetros de duplicações.
Cooperativismo
O Oeste do Paraná é uma das regiões com maiores taxas de crescimento econômico do Brasil. Somente no ano passado, foram 8%, conforme números do Programa Oeste em Desenvolvimento (POD). Para sustentar esta curva, a melhoria do sistema rodoviário é essencial. A duplicação, aguardada pelo setor produtivo e pelos moradores das cidades que integram o Lote 6, será fundamental para aumentar o número de indústrias, empregos e a produção com maiores índices de competitividade. O cooperativismo também será diretamente beneficiado. Atualmente, o Paraná possui 12 das 20 maiores associações do Brasil e, parte delas, está às margens da BR-277/PR, no oeste.
A indústria alimentícia focada na transformação de carne também terá impactos positivos. Atualmente, o oeste do Paraná responde por mais da metade de tudo o que o estado produz no setor frigorífico - suínos, aves desossadas e tilápia. Mas o tempo perdido com o escoamento desses produtos gera prejuízos, como observou o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Oeste do Paraná (Sintropar), Antônio Ruyz. "Hoje, de Cascavel a Paranaguá, estamos falando de algo em torno de 600 quilômetros, um caminhão leva de 11 a 12 horas para chegar porque você tem uma uma rodovia muito saturada, muito tráfego de veículos pesados e leves também, poucos pontos de ultrapassagem e terceira faixa. Tudo isso impacta. Requer muita atenção, requer muita paciência."
Outro aspecto ressaltado por ele é a ausência de Pontos de Parada e Descanso (PPDs) para os caminhoneiros. "Os pontos de parada são muito importantes para o motorista que está diuturnamente nas rodovias, porque ele consegue se programar para fazer suas paradas e organizar a pernoite. Isso inclusive aumenta a segurança nas estradas." No projeto de concessão estão previstos três PPDs.
Além da produção da região, por Cascavel acessam a rodovia veículos vindo da BR-467 e da BR-163, e outros oriundos do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraguai e Argentina. O tráfego é formado principalmente por caminhões de grande porte, especialmente frigoríficos, e contêineres que disputam espaço com veículos de passeio. Junto à atividade agrícola, a região é caminho para um dos principais destinos turísticos do Brasil, que é Foz do Iguaçu.
Por fim, o Lote 6 ainda dá acesso aos municípios de Pato Branco, polo de tecnologia da informação e metal mecânico, e Francisco Beltrão, polo têxtil, da indústria alimentícia e de atividade madeireira.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) é responsável pelos serviços de manutenção dessas rodovias desde 2021, quando o contrato anterior de concessão foi encerrado. A partir de 2023, o órgão aumentou o volume de recursos investidos na região e intensificou os trabalhos de recuperação, sinalização, pavimento e manutenção da faixa do meio, e entrega o conjunto de rodovias com 97% de Bom, conforme o Índice de Condição da Manutenção (ICM) de outubro deste ano.
Ministério dos Transportes
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