Foto: Gilson Abreu/AEN
O frio rigoroso dos últimos dias provocou geadas intensas e abrangentes no Paraná, atingindo até regiões pouco acostumadas com o fenômeno. Apesar de causar perdas pontuais, principalmente em hortaliças, o clima também pode favorecer culturas típicas do inverno, como o trigo e a cevada.
Segundo a Previsão Subjetiva de Safra (PSS), divulgada pelo Deral (Departamento de Economia Rural) nesta quinta-feira (26), os dados ainda não consideram os impactos das geadas, que começaram após o levantamento (feito no dia 23). Mas os técnicos já projetam os possíveis efeitos.
Trigo: frio pode até ajudar
De acordo com o Deral, o trigo foi pouco prejudicado pelas geadas. Isso porque 81% das lavouras estão em fase vegetativa, em que o frio pode até estimular novas brotações e melhorar o rendimento.
No entanto, 11% estão em floração e 1% em frutificação, fases mais sensíveis. Nesses casos, podem haver perdas pontuais. A expectativa é de produção de 2,6 milhões de toneladas, 16% a mais que no ano passado, mesmo com uma área plantada 27% menor.
Milho: perdas localizadas, mas safra segue histórica
A segunda safra do milho, em fase de colheita, também deve manter números positivos. Cerca de 63% da lavoura já está em maturação, fase segura contra geadas. Mas 36% ainda está em frutificação e 1% em floração, áreas mais vulneráveis — principalmente no Oeste e em Campo Mourão.
Mesmo com perdas de até 20% nesses locais, o Deral afirma que o Paraná ainda deve alcançar uma safra histórica, estimada em 16,5 milhões de toneladas — 27% acima do ciclo anterior.
Café: frio pode afetar qualidade
A cultura do café pode ter impacto na qualidade dos grãos, especialmente porque 21% ainda estão em frutificação e o restante em maturação. A previsão inicial é de 43,1 mil toneladas, 7% a mais que em 2023.
Cevada: clima ajuda no desenvolvimento
A cevada está com 73% da área já plantada, majoritariamente em germinação e fase vegetativa, o que minimiza os riscos das geadas. A produção prevista é de 423 mil toneladas, crescimento de 43% em relação ao ano passado.
Horticultura: maiores prejuízos
As folhosas foram as culturas mais afetadas pelas geadas, especialmente em áreas a céu aberto. Já a batata, por ser subterrânea, sofreu menos. Algumas lavouras, no entanto, registraram perdas totais.
A expectativa é de que haja aumento de preços nos próximos dias, por causa da redução na oferta. A recuperação pode levar até 90 dias, dependendo da estrutura de cada produtor.
A primeira safra da batata teve crescimento de 48% e a segunda, de 11%. Já o tomate enfrentou um vírus novo, mas o manejo evitou perdas maiores. A segunda safra caiu 16%, mas se recupera em parte dos campos.
Proteínas animais: impacto à vista
O Boletim de Conjuntura Agropecuária, também divulgado nesta quinta-feira (26), analisa os impactos do frio nas proteínas animais. O preço do leite caiu em junho, mas pode subir com a queda brusca de temperatura.
O custo de produção do frango vivo ficou em R$ 4,78 o quilo em maio — queda de 2,12% em relação ao mês anterior.
Exportações de peru
O documento ainda destaca as exportações de carne de peru, produto relevante para o Paraná. Em 2024, o Brasil exportou 64 mil toneladas, gerando US$ 153,7 milhões. O Paraná, terceiro maior produtor do país, respondeu por 13,6 mil toneladas, com faturamento de US$ 30,8 milhões.
Avaliação dos danos sai a partir de 1º de julho
Segundo o Deral, os impactos reais das geadas nas lavouras devem ser calculados entre 7 e 10 dias após o ocorrido. As primeiras informações devem ser divulgadas no dia 1º de julho, no próximo Boletim de Condições de Tempo e Cultivo.
Redação Catve.com
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