Cotidiano

"Dói só de lembrar": Mãe denuncia agressão brutal contra filho autista em CMEI de Cafelândia

Criança de quatro anos foi jogada no chão e ameaçada por servidora; Prefeitura afastou a funcionária


Uma denúncia de agressão física e psicológica contra uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA) comove a cidade de Cafelândia. Gilce Mendes, mãe de um menino de quatro anos e meio, relatou a violência sofrida pelo filho dentro do CMEI Rosália Motter. O caso, que veio à tona após a análise de câmeras de segurança, já está sendo investigado pela Polícia Civil e resultou no afastamento imediato da servidora envolvida.

A mãe conta que o filho, que possui laudo de autismo e faz uso de medicação e terapias, frequenta a unidade no período da manhã. No dia 10 de dezembro, a Secretaria de Educação convocou os pais para tratar de uma situação envolvendo o menino. Ao assistirem às imagens, eles presenciaram cenas de brutalidade.

Segundo Gilce, o vídeo mostra o momento em que a criança, incomodada com o barulho e a aglomeração, tenta sair de um pavilhão. "Dá para ver que ele está tentando sair... e essa senhora chega na maior brutalidade, na maior ruindade. Ela pega ele firme, ergue para cima e joga no chão", desabafou a mãe.

Ainda de acordo com o relato, após ser jogado ao solo, o menino tentou fugir, mas foi perseguido pela servidora, que portava um chinelo. Mesmo quando a criança já estava contida e assustada ao lado de outra funcionária, a mulher teria continuado com agressões físicas e ameaças psicológicas, apontando o dedo no rosto do menino.

A mãe revelou que o filho apresentava sinais de trauma, como sono agitado e ranger de dentes, mas tinha medo de contar o ocorrido. "Fizemos uma pressão na cabecinha dele e ele não nos contou antes. Quando falamos que ela não estaria mais lá, ele sentiu confiança e confirmou que levava chineladas", relatou Gilce.

Em nota oficial, a Administração Municipal de Cafelândia repudiou qualquer forma de violência e informou que adotou medidas imediatas assim que tomou conhecimento dos fatos. 

Confira a nota de íntegra:

A Prefeitura Municipal de Cafelândia/PR, por meio da Secretaria Municipal de Educação, vem a público esclarecer que tomou conhecimento, de suposta ocorrência envolvendo possível agressão a uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no CMEI Rosália Motter, atribuída à uma servidora efetiva. 

O Município adotou de forma imediata e preventiva todas as providências legais cabíveis e esclarece que outras medidas institucionais e legais poderão ser adotadas no curso da apuração, sempre em consonância com a legislação vigente e com os órgãos de proteção competentes.

Entre as medidas já adotadas, destacam-se:

• O afastamento preventivo da servidora de suas funções, como medida cautelar administrativa;

• A instauração do PAD - Processo Administrativo Disciplinar para apuração rigorosa, técnica e imparcial dos fatos, assegurados o contraditório e a ampla defesa;

• A análise de imagens e demais elementos probatórios disponíveis;

• O acolhimento e a escuta dos responsáveis legais da criança, com a devida orientação quanto aos procedimentos adotados.

A Administração Municipal reafirma seu compromisso inegociável com a proteção da criança, a legalidade, a transparência e a responsabilidade administrativa, que estão amparados nos termos do art. 227 da Constituição Federal, do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA (Lei nº 8.069/1990), da Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015) e da Lei nº 12.764/2012. 

O Município de Cafelândia repudia qualquer forma de violência, discriminação ou tratamento inadequado contra crianças e seguirá atuando com rigor, responsabilidade e sensibilidade para a completa elucidação dos fatos.

Investigação Policial

A Polícia Civil do Paraná (PCPR) também confirmou a instauração de um inquérito para investigar o crime de maus-tratos. O caso teria ocorrido originalmente no dia 5 de dezembro. As equipes policiais seguem realizando diligências e levantando informações para elucidar completamente o ocorrido e responsabilizar os envolvidos.

A família agora aguarda que a justiça seja feita. "Esperamos que essa mulher nunca mais tenha contato com nenhuma criança. Criança nenhuma merece passar por isso", concluiu a mãe.

Diego Hellstrom/Catve.com

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