Cotidiano

Onze ararinhas-azuis são diagnosticadas com doença grave que pode ser letal

ICMBio multa em R$ 1,8 milhão a BlueSky, empresa que gerencia criadouro com 103 ararinhas em Curaçá (BA)


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Imagem: Gov.br / Camile Lugarini

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) confirmou que as 11 ararinhas-azuis recapturadas no início de novembro em Curaçá (BA) testaram positivo para circovírus. Os exames foram realizados após a suspeita de infecção nas aves, que fazem parte do Programa de Reintrodução da Ararinha-Azul.

O circovírus, originário da Austrália, causa a doença do bico e das penas em araras, papagaios e periquitos. A enfermidade não tem cura e provoca alta mortalidade. As aves apresentam mudanças na cor das penas, falhas no empenamento e deformações no bico. O vírus não infecta humanos nem aves de produção.

As ararinhas haviam sido repatriadas da Europa e mantidas no criadouro do programa em Curaçá, sendo soltas na natureza em 2022. Após o aparecimento do primeiro caso positivo em maio, o ICMBio instaurou o Sistema de Comando de Incidente para impedir a disseminação do vírus.

Autos de infração 

Vistorias do ICMBio, do Inema e da Polícia Federal identificaram falhas nos protocolos de biossegurança no Criadouro para Fins Científicos do Programa de Reintrodução da Ararinha-Azul. A constatação resultou em notificação e, depois do descumprimento das exigências, na aplicação de um auto de infração no valor aproximado de R$ 1,8 milhão contra o criadouro e seu diretor.

As equipes apontaram instalações e utensílios sem limpeza adequada, incluindo comedouros com acúmulo de fezes. Funcionários também manuseavam as aves sem equipamentos de proteção.

O criadouro, identificado anteriormente como Blue Sky, respondeu ainda a autuação do Inema de cerca de R$ 300 mil. Ele atua em parceria com a organização alemã ACTP, que detém 75% das ararinhas registradas no mundo.

A coordenadora do ICMBio, Cláudia Sacramento, afirmou que o cumprimento rigoroso das normas poderia ter evitado a contaminação de 11 aves. Ela destacou a preocupação com possíveis impactos sobre outras espécies de psitacídeos na região.

Histórico 

A ararinha-azul depende hoje do manejo fora da natureza, pois a população sob cuidados humanos é a única viável para recuperar a espécie. A transferência de 93 aves para o Brasil ocorreu por meio de um acordo de cooperação firmado em 2019 entre o ICMBio e a ACTP.

Em 2024, o ICMBio encerrou o acordo após identificar descumprimentos pela ACTP, entre eles a transferência de 26 ararinhas da Alemanha para a Índia sem autorização do governo brasileiro. As aves foram enviadas a um mantenedor que não fazia parte do projeto de reintrodução na natureza.

O ICMBio reforçou que o objetivo central sempre foi restaurar a presença da ararinha-azul na Caatinga, especialmente nas unidades de conservação de Curaçá. Mesmo com o fim do acordo, a ACTP pode continuar suas ações, desde que siga os planos e programas oficiais de conservação coordenados pelo ICMBio.

Bruna Guzzo | Catve.com com Gov.br

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