Cotidiano

Laudo aponta que incêndio iniciou na cozinha de apartamento, mas não identifica ponto de ignição

Caso aconteceu em 15 de outubro e deixou vítimas com queimaduras, entre elas Juliane que segue internada


O delegado Ian Leão da Polícia Civil do Paraná falou nesta manhã  de terça-feira (25) sobre o resultados do laudo pericial sobre o incêndio que destruiu apartamento no 13º andar do Edifício João Batista Cunha, na Rua Riachuelo, no centro de Cascavel.

O laudo indicou que o incêndio não foi intencional e que iniciou na cozinha, em parte que estava mais próxima da geladeira e de um armário. No entanto não foi possível identificar a causa exata das chamas.

Ian Leão explicou que as equipes do GDE (Grupo de Diligências Especiais) foram ao local para fazer os levantamentos iniciais e a partir das informações colhidas foram levantadas algumas hipóteses, considerando o crime de incêndio.

A partir disso, foram avaliados os históricos das vítimas, das pessoas que estavam envolvidas e hipóteses foram descartadas. 

"Conforme foi dada algumas entrevistas no decorrer dessas semanas tudo levava a crer de fato que existia possibilidade de existir um incêndio acidental sem ação ou omissão voluntária dirigida a uma determinada finalidade", explicou

Após a liberação, no dia seguinte um perito foi direcionado ao local, fez o laudo e saiu o resultado na última sexta-feira e foi disponibilizado a Polícia Civil na segunda-feira (24).

"A conclusão do perito [...] a probabilidade de ter sido iniciado o incêndio na cozinha, na parte anterior, que estava mais próxima da geladeira e de um armário. Não foram encontrados elementos elétricos que possibilitassem a realização da constatação ou não da ocorrência de curto-circuito. E também não foram encontrados focos múltiplos de incêndio e uso de agentes acelerantes, o que afasta um incêndio doloso"

A partir dessa análise, apesar de existir o incêndio não foi possível identificar o local e também as causas dele.

"A gente sabe que teve o incêndio, mas a origem e o motivo, ou item que teria iniciado essa ignição não foi possível determinar"

Segundo o delegado, explica que foi instaurado um inquérito policial para apurar a situação e que foi constatado que não houve crime e que o incêndio foi acidental. 

"As pessoas envolvidas em razão da necessidade de evitar a revitimização, elas não serão ouvidas em sede policial, porque com a prova técnica, prova robusta feita por um perito da polícia cientifica, não há necessidade da Polícia Civil continuar com a investigação, sendo que uma prova testemunhal, ou em outro contexto não teria o condão de fragilizar esse laudo pericial"

Ao ser questionado sobre o que teria provocado o incêndio, o delegado explica que o laudo pericial destacaria essa informação.

"O laudo está concluído, só não se pode chegar a essa conclusão qual foi o local que começou ou se teve ou não ocorrência de curto-circuito."

Sobro o trabalho elaborado pela polícia Científica, ele explica sobre o que foi desenvolvido para a produção do documento.

"O perito técnico tem os mecanismos para atribuir e dar um laudo referente a isso. Se faltasse alguma informação, ou algum instrumento, ele reportaria no laudo técnico dele. Então pela conclusão do perito ele disse que não foi possível identificar, não que não teve meios para identifica. Pelos meios disponíveis ele não conseguiu."

Laudo é técnico, a parte jurídica é parte do delegado, ministério publico e juiz. Nesse fato não foram identificados dolo ou culpa, de acordo com o delegado.

"Não existe conduta dolosa de uma pessoa querendo atear fogo na casa, não existe conduta imprudente no sentido de um atuar arriscado, um não fazer ou inabilidade."

De acordo com o documento, o perito identificou que o início da ignição foi próximo a geladeira e o armário. 

"Nada referenciado a existência de uma panela foi deixado, Ou existência de uma vela. Não houve resquício, vestígio nenhum nesse sentido"

Ian Leão explica que o trabalha no inquérito é para apurar autoria e materialidade de um crime, quando não tem, o delegado sugestiona ao Ministério Público o arquivamento, o que deve ser feito na emissão do relatório. O MP vai avaliar as diligências e verificar se será necessário ou não novas ações.

No processo, duas pessoas foram ouvidas, mas nomes não serão divulgadas devido ao sigilo. Elas não sugeriram o que pode ter iniciado as chamas.

"Pelo que foi apurado, pela prova técnica pericial, é que não é possível atribuir o início da ignição e também não existe a informação de uma ação humana intencional nesse sentido", explicou

SOBRE O CASO

Três pessoas estavam no apartamento no momento do incêndio. O caso ganhou repercussão nacional após as imagens mostrarem Juliane Suellem Vieira dos Reis retirando a mãe, Sueli Vieira dos Reis, e o primo, Pietro José Dalmagro, em meio à fumaça. Ela segue internada em Londrina.

Diversas equipes do Corpo de Bombeiros foram mobilizadas e a torre 1 do residencial precisou ser evacuada. Vizinhos e populares se arriscaram pra tentar salvar vidas até a chegada do Corpo de Bombeiros.

Juliane apareceu em cima da estrutura de ar-condicionado tentando salvar as outras vítimas. Com a ajuda de vizinhos, Juliane conseguiu retirar mãe e criança pela janela e passá-las para o apartamento do andar de baixo.

Na sequência ela retornou ao apartamento em chamas e foi retirada por bombeiros que também sofreram ferimentos.

Sueli recebeu alta hospitalar no dia 26 de outubro para continuar o tratamento em casa. O Pietro deixou o hospital após 15 dias internado.

O sargento Edemar de Souza Migliorini, que sofreu queimaduras durante o resgate, também foi liberado.

Juliane Suellem Vieira dos Reis segue em atendimento no Centro de Tratamento de Queimados do Hospital Universitário em Londrina.

Evelyn Antonio | Catve.com

** Envie fotos, vídeos, denúncias e reclamações para a equipe Portal CATVE.com pelo WhatsApp (45) 99982-0352 ou entre em contato pelo (45) 3301-2642

Mais lidas de Cotidiano
Últimas notícias de Cotidiano