Uma grande quantidade de plantas aquáticas tomou conta da superfície do lago de Boa Vista da Aparecida, formando um verdadeiro "tapete verde" e deixando a água praticamente invisível em vários pontos. O fenômeno chamou a atenção de moradores e voltou a preocupar autoridades ambientais, a mesma situação já havia sido registrada no início do ano.
A equipe entrou em contato com o Instituto Água e Terra (IAT) e com um biólogo para esclarecer o que pode ter provocado o problema e se há risco ambiental para a região.
Segundo Marlise da Cruz, gerente regional de bacia hidrográfica do IAT, o excesso de matéria orgânica arrastada pela chuva pode ter causado um processo de eutrofização, que favorece a proliferação acelerada de plantas aquáticas.
"A matéria orgânica que o ser humano lança no lago, somada à fertilização agrícola, acaba carregada para a água durante as chuvas fortes. Essa matéria se decompõe e produz micro-organismos. Além disso, vendavais derrubam grande quantidade de folhas, que também vão para o lago, aumentando ainda mais o volume de matéria orgânica", explica.
O biólogo Jean Álvaro Fritz Garda complementa que o lago recebeu uma carga elevada de nutrientes, permitindo a reprodução acelerada das plantas, aparentemente aguapé, espécie nativa da região.
"Essa água recebeu muitos nutrientes de alguma fonte, e isso fez com que essas plantas se reproduzissem em grande escala, muito além do normal", afirma.
Segundo ele, ainda não é possível determinar exatamente a origem dos nutrientes. Estudos devem ser feitos para identificar as causas. Entre as hipóteses analisadas, está o intemperismo, desgaste de rochas causado pela chuva e pelo vento. O lago fica ao lado de uma área de pedreira, o que pode ter contribuído para liberar nitrogênio e fósforo, nutrientes que estimulam o crescimento das plantas.
Ao contrário de outros episódios registrados no estado, os especialistas não veem indícios de espécies invasoras no local.
"Se fosse uma espécie invasora, o problema seria muito mais grave. Mas, neste caso, tudo indica que é uma planta nativa que se reproduziu em excesso. O impacto ambiental existe, mas o cenário é menos crítico", explica o biólogo.
Moradores chegaram a sugerir a retirada manual das plantas, mas a orientação é não interferir, pois isso pode agravar a situação.
"Muitas vezes alguém pode pensar em usar algum tipo de veneno ou defensivo para acabar com as plantas, mas isso só pioraria o problema. O mais adequado é aguardar: com o tempo, a eutrofização diminui, os nutrientes acabam e as plantas morrem naturalmente", reforça Garda.
O IAT informa que análises estão em andamento e serão encaminhadas ao Governo do Estado, que deve definir medidas de controle.
"Neste momento, o Governo do Estado, junto com a Copel, está realizando análises e apresentará ao governador Ratinho uma proposta para solucionar essa questão", finaliza Marlise.
Confira detalhes no vídeo:
Reportagem de Diego Hellstrom | EPC - ESPORTE, POLÍTICA E CIDADANIA
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