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Facções dominam territórios com bens e serviços, alerta economista

Carla Beni afirma que o crime organizado ampliou atuação e movimenta dinheiro no sistema financeiro


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Durante participação no Jornal da Cultura nesta semana, a economista Carla Beni fez um alerta sobre a nova forma de atuação das facções criminosas no Brasil. Segundo ela, os grupos não dependem mais apenas do tráfico de drogas para financiar suas atividades e passaram a dominar territórios oferecendo bens e serviços superfaturados, como gás, internet e até energia elétrica.

"As facções estão dominando territórios com bens e serviços. É o gás superfaturado, é a luz, é a internet, é o dono do mercado, do salão de cabeleireiro. O dinheiro está vindo dali", explicou a economista.

Beni destacou ainda que grande parte do dinheiro das facções é lavado dentro do sistema financeiro, o que exige uma atuação conjunta entre União, estados, Receita Federal, Ministério Público e Febraban (Federação Brasileira de Bancos).

O debate ocorreu após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmar, nas redes sociais, que o país não pode aceitar que o crime organizado continue "destruindo famílias e oprimindo moradores". Lula defendeu a aprovação da PEC da Segurança, que busca integrar o trabalho das forças policiais no combate às organizações criminosas.

Combate financeiro ao crime

Carla Beni reforçou que a forma mais eficaz de enfrentar o problema é atingir o poder econômico das facções, e não apenas suas bases territoriais. "Se a gente continuar olhando o crime como no passado, não vai caminhar. É preciso desidratar financeiramente essas organizações", afirmou.

O jornalista Leonardo Sakamoto, também presente no debate, destacou que o avanço das facções é um problema de Estado e que a falta de integração entre governos e polícias dificulta o enfrentamento.

"A sociedade vai ser boa para todo mundo ou para ninguém. É preciso sair da bolha e entender que o crime organizado já não é mais um problema localizado, é um problema nacional", afirmou Sakamoto.

O tema ganhou destaque após as recentes operações conjuntas entre o governo federal e o estado do Rio de Janeiro, voltadas ao enfrentamento das milícias e do tráfico. Especialistas, porém, avaliam que sem coordenação entre os órgãos e rastreamento do fluxo financeiro, as ações terão pouco impacto a longo prazo.

Antonio Mendonça/ Catve.com/ TV Cultura

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