Cuidar da saúde mental é fundamental, e os homens precisam lembrar disso, deixando de lado estereótipos e preconceitos. O psicólogo Cristiano de Souza explica que a cultura do "homem que não chora" ainda é muito presente e impacta diretamente no bem-estar emocional masculino:
"Esse preconceito ainda é muito presente. Embora tenhamos avançado, os homens estão começando a olhar um pouco mais para os cuidados com a saúde mental. Mas ainda sofremos com questões culturais, como a ideia de que homem não chora, ensinada desde a infância, especialmente aos meninos. Isso traz consequências até hoje, pela forma como fomos criados."
A negligência com a saúde mental pode levar a problemas graves, incluindo o suicídio. Dados do Ministério da Saúde mostram que a taxa de suicídio entre homens é quatro vezes maior do que entre mulheres: são 13 casos por 100 mil habitantes, enquanto entre elas o índice é menor que três.
Cristiano também alerta para sinais iniciais que muitas vezes passam despercebidos:
"O sofrimento nem sempre começa com um diagnóstico fechado. Pode começar com dificuldades para dormir, irritabilidade, problemas de relacionamento, ansiedade ou tristeza. E muitas vezes, a pessoa nem percebe que isso pode ter origem emocional ou psíquica."
A psicanalista e terapeuta Bruna Gayoso reforça a importância de discutir o tema de forma ampla, inclusive nas redes sociais:
"O homem também adoece, tem depressão, sofre abusos e assédio. Homens também podem ser vítimas de relacionamentos tóxicos e de alienação parental. Mas pouco se fala sobre isso. Muitos acabam sem voz e, infelizmente, alguns chegam ao suicídio por não conseguirem lidar com a dor sozinhos."
Ela também critica a forma como, em alguns casos, narrativas unilaterais nas redes sociais contribuem para o silenciamento masculino:
"Quando uma mulher relata algo, todos acreditam. Mas quando o homem tenta se defender, é ignorado. E aí vem a triste realidade: ele se sente sem voz e sem saída."
Para os especialistas, buscar ajuda não é fraqueza, é um ato de coragem:
"Não chorar não é sinônimo de força. Ser forte é olhar para si mesmo e reconhecer que, às vezes, precisamos de ajuda", afirma Cristiano. Ele destaca que o município conta com uma rede de atendimento pelo SUS, com acesso por meio das Unidades Básicas de Saúde, tanto para adultos quanto para crianças e adolescentes.
Confira detalhes no vídeo acima:
Reportagem de Caio Vasques | EPC - ESPORTE, POLÍTICA E CIDADANIA
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