Jader Souza/AL Roraima
Dados divulgados nesta terça-feira (25) pelo MapBiomas apontam que, entre 1985 e 2024, cerca de 206 milhões de hectares foram atingidos por queimadas no Brasil — o equivalente a 24% do território nacional. A área total queimada equivale à soma dos estados do Pará e Mato Grosso. Só em 2024, foram 30 milhões de hectares queimados, número 62% acima da média histórica.
Segundo a Coleção 4 do MapBiomas Fogo e a primeira edição do Relatório Anual do Fogo (RAF), os incêndios se concentram principalmente entre agosto e outubro, responsáveis por 72% das queimadas no país, com setembro liderando com um terço dos registros. Além disso, 64% da área atingida pelo fogo nos últimos 40 anos queimou mais de uma vez.
O Pantanal foi o bioma mais afetado proporcionalmente: 62% da sua área queimou pelo menos uma vez, e 93% dos incêndios ocorreram em vegetação nativa. O bioma também lidera em grandes eventos de fogo: 19,6% da área queimada ultrapassou os 100 mil hectares. Em 2024, o Pantanal teve aumento de 157% nas queimadas em relação à média histórica.
A Mata Atlântica registrou recorde histórico em 2024, com 1,2 milhão de hectares queimados — aumento de 261% sobre a média. A maior parte ocorreu em áreas antrópicas, com destaque para pastagens e regiões agrícolas, especialmente no interior paulista.
Já a Amazônia teve o maior volume de área queimada da série histórica: 15,6 milhões de hectares em 2024, mais da metade de toda a área queimada no Brasil no ano. Pela primeira vez, as florestas foram mais atingidas que as pastagens — o que reforça a ação humana como principal causa dos incêndios, agravada pela seca prolongada.
O Cerrado aparece logo atrás com 10,6 milhões de hectares queimados em 2024, respondendo por 35% do total nacional e superando a média histórica. A região tem a maior recorrência de fogo, com áreas queimadas até 16 vezes nos últimos 40 anos.
A Caatinga e o Pampa apresentaram os menores índices de queimadas em 2024. Na Caatinga, houve queda de 16% na comparação com a média histórica, enquanto no Pampa a extensão queimada foi a menor entre os biomas, influenciada pelas chuvas causadas pelo El Niño.
De acordo com especialistas do MapBiomas, o relatório serve como base para o planejamento de ações preventivas e políticas públicas eficazes. "A dinâmica do fogo está mudando e precisa de atenção urgente. Os dados são essenciais para direcionar os esforços de prevenção e combate", afirmou Ane Alencar, diretora de Ciências do IPAM.
O estudo completo está disponível em: https://mapbiomas.org
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