Cotidiano

R$ 261 milhões de aporte destinados para iniciar o FIDC Agro Paraná

Operação representa uma nova era do crédito rural no Estado


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Foto: Felipe Henschel

O Fundo de Investimento Agrícola do Paraná (FIDC Agro Paraná), primeiro instrumento de crédito rural criado por um governo estadual no Brasil, recebeu seu aporte inicial de R$ 261 milhões. A operação foi formalizada pela Fomento Paraná, responsável pela estruturação do fundo, em parceria com a cooperativa C.Vale e o Sicredi.

Idealizado pelo Governo do Estado e lançado na B3, em São Paulo, o FIDC Agro Paraná tem como objetivo mobilizar até R$ 2 bilhões para financiar projetos estruturantes no setor agropecuário. A iniciativa busca impulsionar o agronegócio paranaense por meio do fortalecimento do cooperativismo, da modernização tecnológica e da geração de renda nas principais regiões produtoras.

Segundo o governador Carlos Massa Ratinho Junior, o aporte inicial é um marco inédito para a agricultura paranaense e brasileira. "Pela primeira vez, um governo estadual lidera a criação de um fundo estruturado de crédito rural com gestão profissional e foco direto nos produtores. O FIDC Agro Paraná nasce com o objetivo de garantir financiamento acessível, com juros mais baixos que o Plano Safra e prazos de até dez anos para pagamento, permitindo que pequenos e médios produtores invistam em infraestrutura, tecnologia e geração de renda com previsibilidade e segurança", afirmou.

O governador destacou que este primeiro aporte com a C.Vale integra uma rede maior de investimentos previstos em negociação com outras cooperativas. "O Paraná sai na frente com um modelo inovador que conecta o mercado de capitais ao campo, fortalecendo cooperativas, ampliando a produção de matéria-prima e destravando o crescimento agroindustrial. Estamos abrindo uma nova porta de crédito para milhares de agricultores, com impacto direto na geração de emprego, no aumento da competitividade e no desenvolvimento regional", acrescentou.

Os recursos desta primeira operação serão destinados à construção de 96 aviários, tanques de piscicultura mais eficientes e sustentáveis, além de matrizeiros - espaços voltados à criação de aves reprodutoras, que abastecem incubatórios com pintinhos para a produção de frango de corte.

A Fomento Paraná atua como cotista sênior, oferecendo estabilidade à operação, enquanto a gestão dos recursos é feita pela Suno Asset. Do total investido nesta etapa, R$ 52 milhões são da Fomento Paraná, R$ 112,8 milhões da C.Vale e R$ 96,2 milhões do Sicredi.

Para o presidente do Conselho de Administração da cooperativa, Alfredo Lang, o FIDC representa um marco na relação entre o mercado de capitais e o setor produtivo. "Esta primeira emissão em parceria com o Governo do Estado representa não apenas uma inovação financeira, mas uma nova fonte de financiamento para os produtores integrados da C.Vale", afirmou.

Segundo Lang, o foco será o fomento das cadeias de frango, suínos e peixes, com crédito mais previsível, competitivo e menos sujeito às oscilações de mercado. "Isso reforça a sustentabilidade financeira do produtor, garante liquidez à cadeia e reduz riscos sistêmicos em toda a operação", completou.

CARACTERÍSTICAS - Com taxas de juros equivalentes as do Plano Safra, o FIDC se apresenta como uma alternativa complementar ao crédito rural federal, cuja demanda tem superado a oferta. O foco do fundo são investimentos de capital - ou seja, não há cobertura para custeio de safras nem compra de terras. Os recursos podem ser usados para modernização da cadeia produtiva, desde estruturas físicas até equipamentos agrícolas e industriais.

A Fomento Paraná já está em processo de estruturação de novos fundos com outras cooperativas e agroindústrias. Os projetos em análise somam mais de R$ 1 bilhão em investimentos previstos para os próximos meses. Somente a C.Vale prevê aplicar R$ 375 milhões em projetos dos seus cooperados até o fim de 2025, por meio do FIDC.

"O Paraná sai na frente mais uma vez ao estruturar o primeiro FIDC Agro estadual do Brasil, conectando governo, cooperativas e mercado financeiro em um modelo inovador de crédito. É uma solução que nasce da confiança entre os atores envolvidos e que vem para suprir lacunas do sistema tradicional, com agilidade, previsibilidade e foco no desenvolvimento do agro", avaliou o presidente da Fomento Paraná, Claudio Stabile.

O foco inicial é nas cooperativas, integradoras que possuem uma estrutura financeira e administrativa mais robusta, como a própria C.Vale, mas a partir da consolidação do Fundo, diversas outras organizações poderão ser atendidas.

"O Estado tem recursos e disposição para ampliar sua participação, desde que novas propostas sigam critérios técnicos e de governança. A ideia é pulverizar o acesso ao crédito de investimento no campo, alcançando também outras cooperativas, agroindústrias e agentes da cadeia produtiva", complementou Stabile.

CONTAS EM DIA - De acordo com o secretário estadual da Fazenda, Norberto Ortigara, que participou da elaboração do modelo do Fundo, a oferta de crédito para o agronegócio é fruto das condições sólidas das contas públicas do Paraná. "O Paraná só consegue estruturar um fundo desse porte porque mantém as contas em dia, com equilíbrio fiscal e capacidade de investimento", disse.

"Enquanto o governo federal enfrenta dificuldades para financiar o agro, aqui conseguimos unir recursos públicos, mercado financeiro e cooperativas em um modelo eficiente de crédito. Este é apenas o primeiro de muitos fundos que vamos colocar de pé para fomentar a produção e a agregação de valor no campo", garantiu Ortigara.

COMO FUNCIONA - O FIDC Agro Paraná funciona como uma plataforma financeira inovadora, por meio da qual cooperativas e empresas integradoras podem criar fundos vinculados e oferecer condições facilitadas de financiamento aos cooperados e produtores integrados. O modelo permite a aquisição de máquinas, sistemas de irrigação, estruturas de armazenagem e transporte, entre outros itens voltados à modernização da agroindústria.

Trata-se de uma espécie de ‘fundo coletivo’ de investimento, em que diferentes agentes - como cooperativas, bancos, empresas e até o Estado - aplicam recursos financeiros para formar uma carteira robusta. Esses investidores se tornam cotistas do fundo e passam a receber rendimento proporcional à sua participação, com base no pagamento das parcelas dos financiamentos concedidos aos produtores. Já os cooperados e produtores integrados se beneficiam ao ter acesso a crédito com juros mais baixos, prazos mais longos e menos burocracia do que em instituições financeiras tradicionais.

Na prática, as cooperativas estruturam os projetos, fazem a ponte com os produtores e avalizam os financiamentos. Como o risco é diluído e o modelo é mais próximo da realidade do campo, o fundo consegue atender com mais agilidade demandas por máquinas, estruturas e tecnologias. Ao mesmo tempo, os cotistas são remunerados com base na performance dos financiamentos, o que torna o modelo atrativo também do ponto de vista financeiro.

Para o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Márcio Nunes, o início da operação do Fundo representa uma virada de chave para o financiamento rural no Estado. "Estamos ofertando crédito de longo prazo, com juros acessíveis, por meio do qual o produtor poderá investir com carência e segurança, sabendo que terá mercado para sua produção. Isso fortalece a agroindústria, garante matéria-prima e impulsiona o crescimento do Paraná, que já desponta como um dos motores econômicos do Brasil", declarou.

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