Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
A oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende estender os trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigará as fraudes em descontos de aposentadorias no INSS até o ano eleitoral de 2026. A estratégia é manter o tema em evidência, explorando o desgaste político causado pelo escândalo revelado no fim de 2023.
A informação foi divulgada pelo colunista Igor Gadelha, do portal Metrópoles.
O caso veio à tona a partir de uma série de reportagens publicadas pelo Metrópoles que revelaram irregularidades nos descontos aplicados indevidamente a aposentados. A repercussão levou a Polícia Federal a abrir inquérito e deflagrar a Operação Sem Desconto, que resultou nas demissões do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.
Segundo a pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta semana, 31% dos brasileiros atribuem ao governo Lula a responsabilidade pelas fraudes. A desaprovação da gestão petista alcançou 57%, o pior índice desde o início do mandato. "A forte repercussão de notícias como o escândalo do INSS diminuiu o efeito positivo da economia e do lançamento dos novos projetos e programas do governo", afirmou Felipe Nunes, CEO da Quaest.
A previsão é que o requerimento de criação da CPI seja lido pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), no dia 17 de junho, durante sessão do Congresso. A leitura é o primeiro passo formal para instalação da comissão, mas a definição de seus membros e da relatoria deverá ocorrer apenas após o recesso parlamentar de julho. Com isso, a investigação pode se estender por até dois anos, considerando as possibilidades de prorrogação.
Corrida por vagas e disputa interna no PL
A proximidade com o período eleitoral tem acirrado a disputa por vagas na CPI. Parlamentares do PL, maior bancada da Câmara, querem protagonismo nas investigações. A sigla deve garantir ao menos seis cadeiras - três titulares e três suplentes -, mas ao menos oito deputados estão disputando espaço.
A relatoria também é motivo de disputa. O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), apoia o nome do deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO) para o cargo. Já a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) atua nos bastidores para que a relatoria fique com a deputada Coronel Fernanda (PL-MT). Para a presidência da comissão, o nome mais cotado é o do senador Omar Aziz (PSD-AM), apoiado por Davi Alcolumbre.
Governistas resistem
Apesar da gravidade das denúncias, parlamentares da base governista têm resistido à criação da CPI. Alguns, como a deputada Tabata Amaral (PSB-SP) e o senador Fabiano Contarato (PT-ES), chegaram a assinar o requerimento, mas a maioria recuou diante do potencial de desgaste político.
Petistas discutiram internamente a possibilidade de apoiar a comissão como forma de conter o impacto de um vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que denunciava as fraudes no INSS e atingiu mais de 100 milhões de visualizações nas redes sociais. No entanto, a avaliação final foi de que a CPI pode se tornar um palanque eleitoral contra o governo.
Denúncias e investigação
A Operação Sem Desconto, deflagrada em abril pela Polícia Federal, cumpriu 211 mandados de busca e apreensão e seis de prisão. Entre os alvos estavam empresários e servidores ligados ao suposto esquema de fraudes, que envolvia descontos ilegais em aposentadorias para serviços não contratados por beneficiários.
Informações reveladas pela imprensa mostraram a apreensão de malas de dinheiro, carros de luxo e motos importadas em imóveis ligados a um dos operadores do esquema, conhecido como "Careca do INSS".
A oposição quer manter o tema em alta e, com isso, pressionar o governo durante todo o ciclo pré-eleitoral.
Antonio Mendonça/ Catve.com
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