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Falta de pontos de ônibus e acessibilidade nas calçadas desafia mobilidade urbana em Cascavel, aponta IBGE

Os dados devem servir como ponto de partida para a elaboração de políticas públicas


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Foto: Catve.com

Dados divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam um panorama detalhado sobre as condições urbanas de Cascavel. O levantamento, feito com base em visitas a domicílios urbanos, aponta avanços importantes em áreas como arborização, iluminação e pavimentação, mas também evidencia desafios significativos, especialmente em transporte público e infraestrutura para pedestres e ciclistas.

Arborização urbana: um destaque positivo

De acordo com o levantamento, 50,6% dos domicílios urbanos de Cascavel contam com cinco ou mais árvores em seu entorno, um dado que destaca o compromisso da população e do poder público com a qualidade ambiental. Em contrapartida, 8,04% dos lares não possuem nenhuma árvore nas proximidades, o que indica desigualdade na distribuição da cobertura vegetal. Ainda segundo o levantamento:

  • 17,21% dos domicílios têm entre 1 e 2 árvores;
  • 20,51% contam com 3 a 4 árvores.

A arborização contribui diretamente para o conforto térmico, melhora da qualidade do ar e valorização imobiliária, além de influenciar na saúde e bem-estar dos moradores. No entanto, a pesquisa aponta que mais de 8% de residências sem nenhuma árvore.

Infraestrutura urbana: bons índices em pavimentação e iluminação

No que diz respeito à infraestrutura básica, Cascavel apresenta números expressivos:

  • 99,49% dos domicílios contam com iluminação pública;
  • 98,34% estão localizados em vias pavimentadas;
  • 93,24% possuem bueiro ou boca de lobo, importante para drenagem das águas da chuva.

Esses índices refletem investimentos em urbanização e qualidade dos serviços públicos, especialmente quando comparados com a média de muitos municípios brasileiros.

Desafios na mobilidade urbana

Desafios na mobilidade urbana

Apesar dos avanços, a pesquisa aponta deficiências preocupantes na mobilidade urbana, especialmente no que diz respeito ao transporte coletivo e à mobilidade ativa:

Apenas 10,52% das ruas da cidade contam com ponto de ônibus. Isso significa que em 89,3% das ruas não há estrutura de parada de transporte coletivo, um índice que dificulta o acesso da população aos ônibus, especialmente em bairros mais afastados.

Sinalização para ciclistas praticamente não existe: 98,65% das vias urbanas não têm qualquer estrutura de sinalização para bicicletas. 

A capacidade de circulação para caminhões e ônibus é elevada, alcançando 99,59%, o que demonstra boa acessibilidade viária para veículos de grande porte — essencial para o escoamento da produção e logística.

No que se refere à acessibilidade para pedestres, obstáculos em calçadas estão ausentes em 45,43% das vias, ou seja, em mais da metade das ruas há barreiras que podem dificultar ou até impedir o deslocamento de pessoas com deficiência, idosos e pais com carrinhos de bebê.

Os dados do IBGE revelam que Cascavel está em um bom caminho em relação à infraestrutura básica como iluminação e pavimentação, além de mostrar um excelente índice de arborização urbana. No entanto, a falta de pontos de ônibus, de estrutura cicloviária e de acessibilidade nas calçadas levanta um alerta: é necessário planejar a cidade não apenas para veículos, mas principalmente para pessoas.

Os dados devem servir como ponto de partida para a elaboração de políticas públicas que corrijam as desigualdades estruturais e promovam um desenvolvimento urbano mais justo e inclusivo.

Município prepara instalação de novos pontos

Em 2020 os trabalhos modernização dos pontos de ônibus em Cascavel foram iniciados, porém interrompidos no fim de 2023. O contrato com a empresa responsável, no entanto, só foi oficialmente encerrado em fevereiro de 2025. Com isso, a Prefeitura deu início a um novo processo licitatório.

Em entrevista à Catve recentemente, o secretário de Obras, Sandro Rocha Rancy, informou que o novo edital está em fase final de elaboração e que o número de abrigos será ampliado.

A licitação anterior passou por 16 prorrogações. O contrato, que começou em R$ 13 milhões, foi reajustado para R$ 17,2 milhões, mas nem todos os 810 abrigos previstos chegaram a ser instalados. A padronização das estruturas segue sendo uma meta da administração municipal, que agora busca novos recursos para atender a demanda da população.

A nova licitação prevê a instalação de mais de 500 pontos, número 379 maior do que o saldo restante da licitação anterior. O aumento se deve ao crescimento da cidade e à constante atualização das rotas do transporte coletivo. Por isso, os novos abrigos serão fixados com parafusos, facilitando o remanejamento conforme necessário. 

Antonio Mendonça/ Catve.com

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