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Há 30 anos, o Brasil perdia Mario Quintana, o poeta das coisas simples

Poeta das coisas simples, Mario Quintana faleceu há 30 anos e deixou um legado eterno na literatura


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Foto: Divulgação

No dia 5 de maio de 1994, o Brasil se despedia de Mario Quintana, um dos maiores nomes da poesia nacional. Poeta, tradutor e jornalista, Quintana morreu em Porto Alegre (RS), aos 87 anos, vítima de insuficiência respiratória e cardíaca. Dono de uma escrita delicada, irônica e reflexiva, ele ficou conhecido como "o poeta das coisas simples", título que traduz a essência de sua obra.

Nascido em 30 de julho de 1906, em Alegrete, no interior do Rio Grande do Sul, Quintana começou a escrever ainda jovem, durante o tempo em que estudava no Colégio Militar de Porto Alegre. Seus primeiros textos foram publicados na revista Hyloea, feita por alunos da instituição.

Em 1925, retornou a Alegrete para ajudar na farmácia do pai, enquanto continuava a escrever contos e poesias. Um ano depois, ficou órfão de mãe e voltou para a capital gaúcha, onde venceria um concurso de contos promovido pelo jornal Diário de Notícias, com a obra A Sétima Passagem.

Ao longo da vida, Mario Quintana conciliou o jornalismo com o trabalho como tradutor. Começou na redação do jornal O Estado do Rio Grande, em 1929, traduzindo textos estrangeiros. Após breve passagem pelo exército durante a Revolução de 1930, voltou a Porto Alegre, onde se consolidou como intelectual.

A partir da década de 1930, traduziu nomes como Marcel Proust, Virginia Woolf, Giovanni Papini, Voltaire e Guy de Maupassant — influências que permeiam sua escrita. Em 1940, publicou seu primeiro livro, A Rua dos Cataventos, uma coletânea de sonetos. Mas foi só com o quarto livro, O Aprendiz de Feiticeiro (1943), que ganhou projeção nacional, com elogios de Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade.

Durante décadas, seus poemas foram publicados semanalmente no Correio do Povo, especialmente na coluna Caderno H. Em 1966, ganhou notoriedade com a Antologia Poética, organizada por Rubem Braga e Paulo Mendes Campos, e premiada pela União Brasileira de Escritores como o melhor livro do ano.

Mario Quintana recebeu ainda o Prêmio Machado de Assis (1980), pelo conjunto da obra, e o Prêmio Jabuti (1981), como "Personalidade Literária do Ano".

Solteiro e sem filhos, viveu de forma discreta, muitas vezes em hotéis. Entre 1968 e 1980, morou no Hotel Majestic, no centro de Porto Alegre — local que hoje abriga a Casa de Cultura Mario Quintana, espaço dedicado à arte e à memória do autor.

Sua obra é marcada por uma linguagem acessível, sensível e profundamente filosófica, que toca gerações com a mesma leveza com que trata os temas mais complexos da existência. Trinta anos após sua morte, Mario Quintana segue vivo na poesia do cotidiano e nos versos que continuam a encantar leitores de todas as idades.

10 fragmentos de poemas de Mario Quintana:

  • "O segredo não é correr atrás das borboletas… é cuidar do jardim para que elas venham até você."
  • "Tão bom morrer de amor! E continuar vivendo…"
  • "A saudade é o que faz as coisas pararem no tempo."
  • "Deficiências… são as pessoas que não sabem amar."
  • "Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não leem."
  • "Poetas não têm idade. Poetas não têm tempo. Poetas são eternos."
  • "Há noites que eu não posso dormir de remorso por tudo o que eu deixei de cometer."
  • "Viajar é trocar a roupa da alma."
  • "O tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo…"
  • "Viver é acalentar sonhos e esperanças, fazendo da fé a nossa inspiração maior."

Antonio Mendonça/ Catve.com

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