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Cardeal condenado por desvio milionário quer votar no Conclave

Giovanni Angelo Becciu criticou o fato de o nome dele ter sido retirado da lista de cardeais eleitores


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A imagem perfil do cardeal Angelo Becciu atrás de uma cruz desfocada

Foto: Vatican News | Reprodução

O cardeal Giovanni Angelo Becciu chegou a ser a terceira personalidade mais poderosa do Vaticano e era, inclusive, cotado para pontífice no futuro. Mas foi condenado, em 2023, a cinco anos e meio de prisão por peculato e fraude.

Ele é o primeiro cardeal a ser julgado e sentenciado por um tribunal criminal da Santa Sé devido à compra milionária de um prédio de luxo em Londres. A movimentação financeira causou prejuízo de cerca de 139 milhões de euros ao Vaticano.

Mesmo após a condenação, Becciu continua morando no Vaticano enquanto aguarda o julgamento de um recurso. Ele ainda não foi oficialmente excluído do Colégio Cardinalício embora tenha perdido os direitos e privilégios do cargo por decisão do papa Francisco.

Por isso, tenta garantir o direito de participar de um futuro Conclave — votação secreta em que os cardeais elegem o próximo papa. Em entrevista ao jornal L’Unione Sarda, Becciu criticou o fato de o nome dele ter sido retirado da lista de cardeais eleitores e afirmou que o papa nunca o proibiu formalmente de votar no Conclave.

"Ao convocar-me para o último consistório [assembleia de cardeais por ocasião da nomeação de novos cardeais], o papa reconheceu as minhas prerrogativas cardinalícias, na medida em que não houve nenhuma vontade explícita de me excluir do conclave, nem houve qualquer pedido explícito por escrito de minha renúncia", afirmou.

A decisão final sobre a eventual participação dele no rito caberá ao decano do Colégio Cardinalício, Giovanni Battista Re, e ao cardeal Pietro Parolin.

As investigações do desvio de dinheiro

O caso começou a ser investigado em 2019, quando veio à tona a aquisição do imóvel em Londres. O Vaticano investiu milhões em um fundo controlado por um financista italiano, Raffaele Mincione.

A operação envolveu ainda outro empresário, Gianluigi Torzi, acusado de manipular o contrato e assumir o controle da propriedade.

A compra foi iniciada quando Becciu era chefe de gabinete da Secretaria de Estado. Depois que saiu do cargo, o novo Substituto da Secretaria de Estado, Edgar Peña Parra, autorizou a compra definitiva do imóvel. Mas teve que pagar valores elevados a Mincione.

Ambos os financistas também foram condenados: Mincione a cinco anos e meio, e Torzi a seis anos de prisão. Além disso, Becciu foi acusado de transferir mais de 125 mil euros para uma ONG na Sardenha administrada pelo irmão dele e de autorizar pagamentos a Cecilia Marogna, que se apresentava como consultora de segurança.

Segundo os promotores, o dinheiro foi usado para gastos pessoais, incluindo compras em marcas de luxo. Marogna foi condenada a três anos e nove meses de prisão por apropriação indevida de recursos.



Por Samuel Rocha | Catve.com

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