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De horas a anos: os conclaves mais curtos e mais longos da história da Igreja


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Foto: Reprodução

Com a morte do Papa Francisco, aos 88 anos, a Igreja Católica entra em período de sede vacante, e todas as atenções se voltam para o próximo conclave — o processo secreto e altamente simbólico de escolha de um novo pontífice. Previsto para começar entre 15 e 20 dias após o falecimento, o conclave ocorrerá dentro da Capela Sistina, no Vaticano, e reunirá até 120 cardeais eleitores de todo o mundo.

O ritual começa com uma missa solene e, à tarde, inicia-se a primeira votação. Após cada rodada, os votos são queimados: a fumaça preta indica que ainda não há consenso; a fumaça branca, que um novo papa foi escolhido.

Mas nem todos os conclaves terminam rapidamente. Ao longo da história, algumas eleições papais se estenderam por anos, enquanto outras foram resolvidas em poucas horas. A seguir, confira os conclaves mais extremos da história da Igreja:

Os mais longos da história

Conclave de 1268-1271

Duração: 2 anos e 9 meses

Local: Viterbo, Itália

Motivo: Conflito profundo entre cardeais italianos e franceses. O impasse foi tão duradouro que os magistrados locais trancaram os cardeais no palácio e removeram o telhado, tentando forçar uma decisão.

Resultado: Eleição de Gregório X.

Conclave de 1314-1316

Duração: 2 anos e 3 meses

Local: Lyon, França

Motivo: Divisões políticas entre cardeais franceses e italianos.

Resultado: Eleição de João XXII.

Conclave de 1415-1417

Duração: 2 anos

Local: Constança (durante o Concílio de Constança)

Motivo: Tentativa de encerrar o Grande Cisma do Ocidente, quando três homens diferentes reivindicavam o papado.

Resultado: Eleição de Martinho V, encerrando o cisma.

Os mais curtos da história

Conclave de outubro de 1503

Duração: Algumas horas

Eleito: Júlio II

Contexto: O cardeal Giuliano della Rovere era figura influente e amplamente apoiada. Foi eleito quase imediatamente.

Conclave de 1939

Duração: 1 dia (1º a 2 de março)

Eleito: Pio XII

Contexto: O então Secretário de Estado, Eugenio Pacelli, era o favorito e foi escolhido no terceiro escrutínio.

Conclave de 2005

Duração: 2 dias (18 a 19 de abril)

Eleito: Bento XVI

Contexto: O teólogo alemão Joseph Ratzinger, decano do Colégio dos Cardeais, foi eleito rapidamente após quatro rodadas de votação.

O processo de escolha de um novo Papa nem sempre foi tão rápido quanto nos tempos atuais. Ao longo da história, os conclaves já duraram meses — e até anos — por falta de consenso entre os cardeais. No entanto, mudanças feitas ao longo dos séculos transformaram essa realidade, tornando o processo mais eficiente e previsível.

A principal mudança começou ainda no século XIII, quando o Papa Gregório X, após um conclave que se arrastou por quase três anos, decidiu trancar os cardeais até que escolhessem um novo Pontífice. A medida deu origem ao termo "conclave", que significa "com chave", e foi a primeira tentativa real de acelerar a decisão papal.

Outras medidas vieram ao longo do tempo. A Igreja passou a impor restrições progressivas dentro do conclave, como a redução de conforto e alimentação dos cardeais caso a escolha demorasse muito. Já em 1970, o Papa Paulo VI determinou que apenas cardeais com menos de 80 anos poderiam votar, o que reduziu o número de eleitores e facilitou o consenso.

Mais recentemente, os Papas João Paulo II e Bento XVI ajustaram o ritmo das votações. Hoje, os cardeais votam até quatro vezes por dia e, se não houver consenso após cerca de 33 votações, é permitido eleger com maioria simples — medida que evita empasses longos.

As mudanças surtiram efeito. Enquanto o conclave mais longo da história durou quase três anos (1268-1271), os dois últimos, que elegeram Bento XVI (2005) e Francisco (2013), levaram apenas dois dias.

Essas transformações mostram como a tradição e a necessidade prática caminham juntas dentro do Vaticano — até mesmo quando se trata de escolher o líder máximo da Igreja Católica.

O que esperar do próximo conclave?

Apesar de toda a tecnologia e globalização, o conclave segue sendo uma cerimônia envolta em tradição, silêncio e oração. Enquanto turistas ainda visitam a Capela Sistina — como ocorreu na reabertura dos Museus do Vaticano, em 2021 —, em breve ela será isolada do mundo exterior para receber a eleição mais aguardada da Igreja Católica.

Será uma escolha rápida, como em 2005, ou teremos uma nova maratona como em Viterbo? O mundo aguarda.

Antonio Mendonça/ Catve.com

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