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No Brasil, apenas 1,6% da população doa sangue regularmente por ano, segundo dados do SUS (Sistema Único de Saúde). Em 2023, foram coletadas 3,2 milhões de bolsas de sangue. Embora o índice esteja dentro da faixa de 1% a 3% recomendada pela OMS (Organização Mundial da Saúde), ainda é considerado baixo.
A doação de sangue é crucial em diversas situações, como emergências envolvendo acidentes de trânsito e complicações cirúrgicas, que frequentemente exigem transfusões imediatas. Também é essencial para tratar doenças crônicas, como anemia falciforme e talassemia, além de beneficiar pacientes oncológicos que precisam de transfusões regulares. De acordo com a Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (SBHH), uma única doação pode salvar até quatro vidas, já que o sangue é fracionado em componentes como glóbulos vermelhos, plaquetas e plasma.
Atualmente, o hemocentro de Cascavel, na Região Oeste do Paraná, atende 22 hospitais que fazem parte da 10ª Regional de Saúde e também a 20ª Regional, que compreende mais 22 municípios. Para isso, são necessárias cerca de 70 a 80 doações por dia. Para a assistente social do Hemocentro da cidade, Eliane Avancini, "manter estoques preenchidos é uma segurança para toda a sociedade".
Além de atender as cidades e hospitais, a unidade possui 15 pacientes ambulatoriais, que são aqueles que precisam de doação todos os meses. Valéria Gurski é uma delas. Ela tem talassemia, uma anemia grave e hereditária, ou seja, passada de pai para filho. Os sintomas são fadiga, palidez e fraqueza. Ela descobriu a doença com apenas alguns meses de idade, quando os pais perceberam uma palidez incomum. No diagnóstico, foi constatado que o caso era raro. "O médico disse para meus pais que, para eu ter nascido com a talassemia grave, os dois teriam que ser portadores da doença. Foi quando descobrimos que várias pessoas da família são portadoras", comentou Valéria.
A talassemia requer do paciente transfusão de sangue a cada 2 a 4 semanas, de acordo com o Ministério da Saúde. E isso é sentido pelo paciente. Segundo Valéria, quando chega à terceira semana, ela já começa a se sentir mais fraca, fica pálida e os olhos vão ficando amarelos. "Eu associo como um carro. Você enche o tanque de gasolina e roda o mês inteiro. Quando começa a chegar ao fim, você percebe que precisa abastecer de novo para não parar", comentou. O caso dela é grave, ao ponto de que, se ficar sem sangue, pode ir a óbito.
São casos como o de Valéria que mostram a importância de fazer a doação. Diego Hellstrom é doador regular há 6 anos e enxergou a importância quando uma tia necessitou após apresentar problemas no fígado. "Quando ela precisou, nossa família fez um mutirão para doar para ela. Desde então, eu doo entre 3 a 4 vezes por ano", comentou Diego.
Após anos sendo doador, Diego contou que descobriu que é fenotipado, ou seja, seu tipo sanguíneo é compatível com o de outra pessoa. "Esse paciente precisa de transfusão frequentemente e, como meu tipo é compatível com o dela, eles dão o nome de ‘padrinho de sangue’. Todas as vezes que eu vou doar, meu sangue é separado especificamente para essa pessoa, por conta da compatibilidade", disse Diego.
"É graças a essa pessoa que é doadora que eu posso estar aqui viva hoje, tendo uma vida saudável. São as doações que fazem eu existir, é o sangue de alguém que está correndo na minha veia", comentou Valéria.
A doação de sangue é um ato de empatia e cidadania com um impacto profundo na saúde pública. Com a participação regular e voluntária da população, é possível manter os bancos de sangue abastecidos e garantir que todos os pacientes recebam o tratamento necessário. "O que me motiva a fazer a doação é saber que a gente vai ajudar as outras pessoas. Saber que com uma única doação eu consigo salvar mais do que uma vida", pontuou Hellstrom. Segundo o Ministério da Saúde, uma única doação pode salvar até 4 vidas. "Toda e qualquer doação de sangue ou plasma é um presente valioso e vital, e a doação regular, voluntária e não remunerada é essencial para um suprimento de sangue seguro e sustentável", publicou a OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde) em seu site.
Durante tantos anos de tratamento, Valéria, junto com outras pessoas que também enfrentam a doença, criou uma página no Instagram para compartilhar informações sobre a doença. O perfil eu.talassemia conta histórias reais de pessoas que sobrevivem porque alguém doou sangue e mostra a rotina de quem convive com a doença. De acordo com uma estimativa da Organização Mundial de Saúde, em 2022, o Brasil possuía cerca de mil pessoas com formas graves de talassemia.
QUEM PODE DOAR?
• Ter entre 16 (com autorização dos pais ou responsáveis) e 69 anos (desde que a primeira doação tenha sido feita até os 60 anos);
• Pesar no mínimo 50 kg;
• Ter dormido pelo menos 6 horas nas últimas 24 horas antes da doação;
• Estar alimentado (evitar alimentos gordurosos nas 4 horas que antecedem a doação).
Doar sangue salva vidas. Seja um doador!
Valéria tem tatuado em seu braço direito o nome de sua doença: Beta Talassemia Major - anemia grave, a composição do seu tipo sanguíneo e também uma gota de sangue para representar a doação.
Já no punho esquerdo, ela tem tatuado um coração em formato de gota de sangue, que é o símbolo que ela fazia quando crianças nas cartinhas que mandava para os doadores.
Estudante Maria Vitória, sob supervisão da editora Alexandra
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