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Conheça Luma, professora do PR com duas alunas nota mil na redação do Enem 2023

Método de ensino tem como principal objetivo fazer com que estudantes ultrapassem os 900+


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Foto: Reprodução/Instagram

A professora de português paranaense Luma Dittrich de Oliveira, de 29 anos, conhecida como a ‘Fada da Redação’, criou um método de escrita eficaz e comprovado, principalmente, por duas alunas que atingiram a nota mil na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023. 

Na última edição da prova, a banca aplicadora cobrou que os estudantes escrevessem o texto dissertativo-argumentativo sobre os "Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil". Os resultados foram divulgados na última terça-feira (16). As regiões norte e nordeste obtiveram 30 das 60 notas máximas de todo o país.

Nascida em Lapa, na Região Metropolitana de Curitiba, Luma ingressou no ensino superior por meio do Enem. Ela conta que, mesmo com condições financeiras precárias, conseguiu entrar no curso de letras da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, (PUCPR), em 2012, utilizando o Programa Universidade para Todos (Prouni), que concede bolsas integrais e parciais a estudantes de cursos de graduação em instituições de ensino privadas.

No último ano da graduação, em 2015, ela preparou o primeiro aluno para prestar a redação do Enem. "Um vizinho meu, o Lucas, me pediu aulas particulares de redação. Ele tinha recebido recomendações dos meus alunos de Ensino Médio. Eu topei e comecei a dar aula pra ele na churrasqueira da minha casa", conta.

Virada de Página: O Método Luma e Ponto

Após ser preparado por Luma, Lucas foi aprovado na federal devido ao bom desempenho na redação. Rapidamente, o feito se espalhou e outros estudantes começaram a buscar por ela. "Criei um canal no YouTube para que esses alunos tivessem mais conteúdos para assistir além das aulas no um a um", afirma.

Em 2017, para relembrar como era estar no lugar dos alunos, Luma fez o Enem e surpreendeu-se com o tema: "Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil". Ao Portal Catve.com, ela disse que ficou preocupada, levando em consideração que os alunos não estavam preparados o suficiente.

"Então tomei a decisão de que nunca mais dependeríamos de cair um tema conhecido para tirar uma boa nota. Analisei as redações nota 1000 daquele ano e descobri vários padrões. Eu percebi que a maioria daquelas pessoas tirariam mil em qualquer tema porque seguiam um padrão", comenta.

A partir dali, surgia o método Luma e Ponto, organizado com conteúdos didáticos e práticos. "É eficaz porque o foco está no que temos controle: o padrão de estrutura de nove partes, o padrão de conteúdo e o padrão de tema", analisa.

Em relação aos temas inesperados, a professora diz que o Enem sempre cobra dilemas, seguindo a mesma lógica. "Por exemplo: todo problema vem de uma lacuna educacional que temos no Brasil. Ou seja, se eu aprendo a argumentar sobre um problema eu consigo argumentar sobre qualquer problema", especifica.

O processo de migração, das aulas particulares presenciais para a internet, ocorreu quando Luma entristeceu-se ao notar que impactava poucas pessoas por vez, confiando que o método desenvolvido teria o potencial de mudar a vida de dezenas de milhares de alunos que fazem o Enem anualmente.

Duas Alunas Nota Mil na Redação do Enem 2023

Maria Luiza Jannuzzi de Castro, de 17 anos, uma das quatro estudantes de colégios públicos que atingiram a nota máxima na redação, atribuiu parte do desempenho à fórmula elaborada pela ‘Fada da Redação’.

"O projeto de texto que a Luma ensina é infalível. Através dele nós entendemos melhor o tema, esquematizamos a redação antes de escrever, o que otimiza muito o tempo. Fora que as dobras argumentativas dentro dos parágrafos foi um método que, além de encaixar com meu estilo de escrita, me ajudou muito a atingir essa nota", fala.

Por mais que contasse com o apoio da professora de português, Maria Luiza conta que a escola não repassava todas as nuances esperadas pelos corretores, ainda que estivesse em preparação intensa, produzindo uma ou até duas redações semanais. 

"A falta de investimento em educação prejudica muito a rede pública de ensino, principalmente, após a nova reforma. É desestimulante [...]. Conheci o canal e o trabalho dela uma semana antes do Enem. Estudei através da semana gratuita pré-Enem e adaptei as dicas dela", conclui.

Maria Luiza nunca havia participado do Enem em edições anteriores e, como forma de estudo, refazia provas antigas para alcançar o objetivo de cursar medicina em Valença (RJ), cidade onde mora atualmente.

"Quando percebi que tinha que aprimorar mais minhas habilidades, encontrei refúgio nas aulas da Luma, que me mostrou e complementou todo o meu estudo. Então, não esperava essa nota. Gostei muito do resultado da minha redação, porém não imaginei que daria um salto tão grande", analisa.


Para atingir os mil pontos na redação Enem, Andreza Cristina de Oliveira, de 20 anos, estudava redação assistindo aulas e cumprindo os exercícios repassados por Luma, além de escrever sobre os temas disponíveis na plataforma da educadora paranaense.

Antes de conhecer o método de Luma, a maior dificuldade da jovem era entender a estrutura de texto cobrada pelo Enem. Por primeiro, ela participou de um evento gratuito promovido pela professora e, a partir disso, passou a consumir os conteúdos compartilhados em redes sociais, como Instagram e Youtube. 

Ao seguir o passo a passo repassado pela educadora, tudo ficou mais simples. Em novembro de 2021, ela adquiriu o curso particular de Luma para estudar para o Enem 2022, ano em que conquistou 920 pontos na redação.

Na edição do exame de 2023, a tão sonhada nota mil finalmente tornou-se realidade. Agora, a estudante pretende aplicar a nota no Prouni e cursar biomedicina em uma faculdade particular de São José dos Campos (SP).

"Ela tem uma didática impecável. Eu gostava muito de estudar redação porque ela explica de uma forma fácil de compreender, o que ajudou demais. Além disso, uma vez por semana, eu participava de uma monitoria com ela e com os outros alunos para tirar dúvidas e conversar sobre como estava sendo o processo de aprendizagem, o que também contribuiu muito", comenta. 

Técnicas de Redação Gamificadas

O principal objetivo do método de ensino é fazer com que o máximo de pessoas possível consiga ultrapassar os 900 pontos, os 900+ como costuma chamar. "Nos últimos anos milhares de pessoas alcançaram esse resultado. Então ter duas alunas tirando nota 1000 foi um presente. Foi mais do que eu desejei", comenta Luma ao se referir sobre Maria Luiza e Andreza Cristina.

"O mais legal foi ver o rascunho da redação delas e perceber que elas simplesmente aplicaram o Método LP. Sem segredos. Isso significa que qualquer pessoa que conheça a redação padrão pode ter a certeza do 900+ e a possibilidade do 1000", acrescenta.

Luma elencou a argumentação como a principal dificuldade dos estudantes, comentando que eles acreditam que precisam comprovar as afirmações, o que não é esperado pelos corretores.

"A estratégia argumentativa mais valorizada pelo Enem é a argumentação lógica. Quando eles entendem isso e descobrem como fazer um projeto de texto com argumentos-padrão fortes e como desdobrar cada argumento, a mágica acontece", salienta.

Luma diferencia o método de outros cursinhos, exemplificando que o método é gamificado, começando de níveis mais fáceis e evoluindo à medida que o tempo passa. Além disso, segundo a paranaense, o estudo temático é abandonado.

"Em vez de estudar tema por tema e ter uma ilusão de competência e uma sobrecarga gigante, nosso aluno foca na Redação Padrão. Isso desenvolve nele a habilidade tirar de 900 para cima em literalmente qualquer tema que cair no dia da prova", disse.

A professora conta que o estudo teórico é abominado, pois muitas pessoas perdem tempo estudando, por exemplo, as competências do Enem. "Isso é desestimulante. Eles assistem a muitas aulas, mas não conseguem sair da introdução. Por isso, meu objetivo foi desenvolver um método 100% executável", finaliza.

Em 2020, Luma concluiu a pesquisa de mestrado, pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), que buscou entender o gênero videoaula no YouTube e, recentemente, no ano passado, começou o doutorado em linguística na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Redação Catve.com

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