O telefone celular de Cristiana Brittes, presa acusada pela participação da morte do jogador Daniel Corrêa Freitas, de 24 anos, em outubro do ano passado, estava sem aplicativos de redes sociais antes de ser levado à assistência técnica por problemas na captação do áudio. O laudo oficial aponta que o "exame no aparelho foi parcialmente prejudicado pela exclusão dos aplicativos de redes sociais - WhatsApp, Instagram e Facebook". A defesa da família Brittes corrobora com a versão do laudo e diz que a medida foi tomada para evitar vazamento de conteúdo privado. Já a defesa do jogador entende que houve, sim, ocultação de provas.
De acordo com a defesa dos Brittes, o telefone apresentava defeito na captação de áudio e foi levado à assistência no dia 31 de outubro. Depois da prisão, o telefone foi encaminhado ao Instituto de Criminalística do Paraná. "Esse telefone foi acessado no dia 7 de novembro, ou seja, após a prisão da Cristiana, enquanto esse telefone estava em posse da assistência técnica especializada. Isso tem que ser investigado e apurado para descobrir quem manuseou, de que maneira foi manuseado. Afinal, houve uma quebra da cadeia de custódia", denuncia Renan Pacheco Canto, advogado de defesa dos Brittes.
O advogado confirma a versão do laudo e diz que arquivos pessoais são deletados antes de enviar celular à técnica. "A perícia aponta que esse telefone foi restaurado tanto pelo computador da Cristiana, como é normal antes de uma assistência técnica, o proprietário fazer a retirada e cópia dos dados, como também apresenta uma restauração no computador do dono da técnica, do Guinter. E também no dia 15 de novembro. Coincidentemente, no mesmo dia que houve o vazamento de uma foto da Cristiana onde ela estava seminua em uma motocicleta, uma foto íntima que constava no aparelho dela. Alguém manuseou e alguém vazou", disse ele à Banda B.
A defesa nega que houve qualquer tentativa de destruir provas. "De maneira alguma. Natural que uma pessoa que entregue o aparelho em uma assistência técnica desinstale aplicativos de cunho pessoal que tratam de aspectos pessoais, como trabalho, financeira, particular. Esses aplicativos são desinstalados e instalados em um novo aparelho, porque o antigo ficará na assistência durante uns dias. No aparelho, constam diversos áudios, fotos e arquivos que encartam os anexos desse laudo policial, em mais de 15 mil páginas. Que lógica teria deletar aplicativos e manter outros arquivos", detalhou.
Anexo ao processo, o laudo apresenta conversas e prints restauradas do celular de Cristiana."Em análise do conteúdo, restou apurado um "print" de conversas entre Allana e o jogador Daniel, em 2017, onde Daniel já mostrava sua intenção em conhecer, sair e ficar com Allana Brittes. Ela respondia que não iria sair sozinha, apenas com uma amiga junto, ou seja, cai por terra toda a falácia de que Allana seria namorada do Daniel, ou que já tinha ficado ou conhecido Daniel. Assim como, Edison Brittes nem conhecia o jogador Daniel, ele nem sabia quem era", defendeu.
Jogador
A advogada da família do jogador Daniel, Mithelle Weber, que integra a equipe do escritório de Nilton Ribeiro - também assistente de acusação - acredita que houve, sim, ocultação de provas. "Nada muda o posicionamento, entendemos, sim, que há ocultação de provas em relação à perícia. Fizeram sim, uma vez que os aplicativos foram excluídos, tiveram mais de duas sincronizações com computadores, pela assistência e por eles", disse ela à Banda B.
Para a advogada, não houve tentativa de colaborar com as investigações. "Se a acusada quisesse colaborar com a investigação, teria reinstalado para melhores esclarecimentos e isso não foi feito. O laudo não trouxe muitas informações, mas era preciso para que dessemos mais um passo", finalizou Mithelle.
Conclusão
Os laudos concluíram que o exame no aparelho foi parcialmente prejudicado pela exclusão dos aplicativos de redes sociais - WhatsApp, Instagram e Facebook. Ainda, não foi determinar quando os aplicativos foram removidos do aparelho celular, no entanto - segundo a conclusão do laudo - até a data em que Daniel foi encontrado morto, eles ainda estavam instalados no aparelho.
O próximo passo é a decisão de pedir auxílio para a fabricante do celular (Apple), que pode fornecer registros complementares armazenados na nuvem (por meio do iCloud), mediante solicitação judicial.
Procurado
O proprietário da assistência técnica que estava com o celular de Cristiana Brittes, antes de ir à perícia, foi procurado pela reportagem. O espaço está aberto para manifestação.
O crime
Daniel foi encontrado morto na manhã do dia 27 de outubro, na zona rural de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Ex-meia de Coritiba e São Paulo, ele atuava no São Bento, time da série B do Campeonato Brasileiro, na ocasião do homicídio. Segundo a polícia, a vítima estava em uma festa na casa da família Brittes e foi morta após enviar fotos de Cristiana para um grupo de amigos no WhatsApp.
Anexo processo. Foto: Banda B
Banda B