O cenário fica em um dos bairros mais nobres da cidade, o bairro Cancelli. A região foi a que teve maior infestação do mosquito da dengue em Cascavel, no último levantamento de 11%. Mas um detalhe: nenhum dos materiais que ele tem em casa estava com água parada quando ele recebeu a nossa reportagem.
Na porta da casa, está o comprovante das visitas dos agentes de endemias do ano passado. O acumulo compulsivo de materiais, Seo Beraldo atribui a síndrome de Diogenes. Hereditário, o mal afetou muitas pessoas da família e ele desenvolveu desde pequeno.
"Acumulador compulsivo ele acumula desde pequeno, quando dá os primeiros passos", conta.
Muitos materiais de construção, caixa de água, milhares de latinhas. E dentro da casa, mal há espaço para se mexer. Os calçados estão espalhados pelo chão. A cama é só mais um dos itens que ganha um pequeno espaço no quarto.
O problema não está só no que ele busca, mas também no que as pessoas trazem até aqui. Essa parte de fora, com o sofá, o colchão e todo lixo em volta, não foi ele quem pegou. A própria comunidade faz do terreno dele um local de despejo.
"Eles trazem um guarda-roupa que não serve nem para forrar a casinha de cachorro eles trazem para mim, e como eu não uso, não tenho condição de montar novamente, e é jogado ali", explica.
Além do acúmulo de materiais, o que chama atenção é a lucidez do Seo Beraldo, com 65 anos. Ele é formado em matemática e letras, fala espanhol e italiano fluentemente, além de professor, foi locutor de rádio por 42 anos e atuou em diversas áreas do conhecimento.
Seo Beraldo não tem família, a esposa e a filha morreram em um acidente há 11 anos em Campo Mourão, mas isso não afetou a mente do homem que tem consciência da situação e foi procurar ajuda. Depois de uma visita da Assistência Social, o acordo é de que o terreno seria limpado. Não há data marcada, mas tudo será feito em parceria com a Secretaria do Meio Ambiente e, a partir de agora ele também terá o tratamento para a síndrome.
"Nós estamos atendendo ele através do benefício de Prestação Continuada, através de alimentação, acompanhando o caso do Seo Beraldo, e não é só isso, tem tratamento psicológico e nós vamos articular junto a saúde para que ele possa ter esse tratamento e se curar", explica a secretária da Assistência Social, Inês de Paula.
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