Estudantes do Colégio Ieda Baggio Mayer, no bairro Neva, em Cascavel, deixaram as salas de aula para protestar nesta sexta-feira (27).
A manifestação ocorreu em frente à instituição e reuniu a maioria dos alunos. Eles protestaram contra a apreensão de um adolescente na quinta-feira (26) acusado de agressão contra uma professora.
Os jovens alegam que a professora xingou o menor de "preto fumante" e que houve excessos da polícia ao levar o garoto algemado para a delegacia.
"Eles se agrediram verbalmente, e no final dessa discussão ela chamou ele de preto fumante, o que é uma vergonha, porque os dois estavam se xingando. Então é uma injustiça, ele sair algemado, e ela sair numa boa. Então a gente está revoltado porque racismo é uma coisa que não pode ter. E chamar um aluno de preto fumante é uma coisa muito séria, a gente quer justiça". conta a aluna Camilla Ferreira.
"A manifestação foi combinada nas redes sociais, porque ela chamou ele de preto fumante, não foi tanto porque ele xingou ela, ou ela xingou ele. Todo mundo conhece ele, sabe que ele não é santo. Mas a gente fez isso mesmo pelo fato do racismo". Diz o aluno Thiago Chaves da Silva.
"Todos os alunos do Ieda criaram um grupo conversaram. Porque a gente ficou muito triste com a professora, porque ela chamou ele de preto fumante né? Na verdade, tanto o aluno tem que respeitar o professor, mas o professor também tem que respeitar o aluno. Os dois estavam errados a partir do momento que começaram a se xingar. Só que a gente ficou muito triste com essa parte, e outra por ele ter saído daqui preso, e algemado né? por ele ser de menor a gente ficou muito triste com essa parte. Por isso a gente fez todo esse protesto, para que isso não aconteça nem na nossa escola, nem em nenhum outro âmbito escolar". Conta a estudante Amikaeli Antunes da Silva.
A mãe do estudante acusado da agressão também esteve na escola nesta manhã e demonstrou revolta com a atitude.
"Aluno desrespeitar professores, isso eu sou contra. Eu apoio a escola sempre. Professor merece respeito. Agora o que não teve respeito ontem, foi da parte da Polícia. Que até então eu não sabia que era a Patrulha Escolar que tinha que vir, mas quem veio foi ele que é da Civil, que é não sei o que, e mais dois amigos. Outra coisa, saindo da Delegacia ele disse que ia pagar um pirulito pelo favor que os policiais fez pra ele. Ele disse na minha frente e do meu marido. Outra eu daqui até a delegacia, eu fui ouvindo coisa, que pai não dá educação isso e aquilo, mas não da parte do marido dela, dos outros dois policias que veio junto. Porque até então ele não foi comigo. Lá em cima diz que ele bateu no meu filho, diz que ele bateu, então isso não concordo". Conta a mãe do adolescente envolvido.
Ontem depois da apreensão o adolescente contou a versão dele sobre o caso, e disse que não agrediu a professora.
"Tava um fuzuê no corredor, todo mundo batendo palma, aí eu bati palma também. Ela saiu brava da sala começou a gritar com os alunos, daí eu peguei e falei pra ela porque ela começou a gritar. Aí ela começou a gritar comigo. Daí eu parei na porta, a professora mandou eu entrar pra sala, dai quando eu fui entrando ela começou a gritar comigo, ai eu pedi: porque você está gritando, e voltei perto dela, ela ficou brava, nervosa, e aconteceu isso. Questionado sobre a agressão ele diz: Não, não jamais" Conta o adolescente envolvido no caso.
Outros pais também estão revoltados e pedem providências.
"Gente é demais essa professora. Isso tem que levar pro Núcleo, o Núcleo tem que ver isso. Gente não pode continuar desse jeito, a única solução é tirar essa professora daqui. Não tem como, eu achei um absurdo o que fizeram com o menino ontem. Eu não acredito, eu só acreditei porque bastante alunos, entramos no site do colégio, todo mundo está revoltado aqui. Eu como mãe também já tive problemas, porque? porque ela sabe muito bem o que que ela apronta aqui. Não dá pra fazer nada, ela chama a Polícia. Porque? porque tem moral na Polícia, porque o marido também é da Polícia. Mas isso não justifica, pelo caso dela ser professora, eu não vou admitir isso. Nós que conhece o menino aqui, moradores, a gente está revoltado com isso". Conta uma mãe que não quis se identificar.
A mobilização durou aproximadamente uma hora e depois de um apelo da mãe do menor envolvido, eles retornaram para as salas de aula.
Redação catve.com