Política

Dólar na menor cotação dos últimos 15 meses - por Ayslan Guetner


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Foto Agência Brasil

Nos últimos dias, a cotação do dólar no Brasil vem registrando uma queda consistente, movimento que chama atenção em meio a um cenário global ainda carregado de incertezas. A moeda norte-americana, que há pouco era cotada próximo dos R$ 6,00, agora recua diante de uma combinação de fatores externos e internos que vêm favorecendo o real.

O que está influenciando a queda?

Em primeiro lugar, o ambiente internacional tem dado algum fôlego às moedas emergentes. A percepção de que o Federal Reserve (Fed) pode adotar uma postura menos agressiva na condução da política monetária, diante de sinais de arrefecimento da inflação nos EUA, reduz a pressão sobre o dólar globalmente. Menos juros nos EUA tendem a diminuir a atratividade dos títulos americanos, favorecendo a saída de capital para países como o Brasil.

No cenário doméstico, o Banco Central brasileiro continua colhendo os frutos de uma taxa Selic elevada em termos reais. Mesmo com expectativa de redução, os juros brasileiros seguem entre os mais altos do mundo, o que atrai capital estrangeiro para renda fixa e dá sustentação ao real. Além disso, notícias ligadas ao avanço das exportações agrícolas e ao saldo positivo da balança comercial reforçam a entrada de dólares no país.

Outro elemento desta equação é a possibilidade - vista como positiva pelo mercado - de uma alternância no poder nas eleições presidenciais em 2026. Além disso, embora ainda haja dúvidas sobre a execução da política fiscal do Brasil, nesse contexto econômico, o real deve se valorizar enquanto o assunto continua "adormecido".

O que pode reverter o movimento?

Apesar da tendência de queda recente, o dólar está longe de perder sua característica de refúgio em tempos de instabilidade. Alguns fatores podem reverter o movimento atual:

  • Mudança no tom do Fed: Se a inflação nos EUA voltar a surpreender, o Fed pode retomar uma postura mais dura, elevando novamente os juros e fortalecendo o dólar globalmente.
  • Incerteza fiscal interna: Qualquer sinal de enfraquecimento do compromisso com o ajuste das contas públicas pode rapidamente minar a confiança e pressionar o câmbio para cima.
  • Volatilidade política: O ambiente político brasileiro continua sendo uma variável de risco, capaz de gerar instabilidade em momentos-chave.
  • Oscilações nas commodities: Como o Brasil depende fortemente de exportações de soja, milho, carne e minério, uma queda brusca nos preços internacionais reduziria a entrada de dólares no país.

Em suma, a queda do dólar reflete mais do que apenas o "humor" momentâneo do mercado: é resultado de um equilíbrio delicado entre política monetária global, fundamentos domésticos e expectativas sobre o futuro. O investidor atento sabe que o real pode se valorizar mais no curto prazo, mas também está ciente de que choques externos ou vacilos internos podem rapidamente inverter a trajetória.

Mais do que celebrar a queda, o desafio para o Brasil é garantir estabilidade e previsibilidade, condições que mantêm a confiança e reduzem a dependência de fatores externos para sustentar sua moeda.

texto de Ayslan Guetner

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