O Ibovespa atingiu nesta quinta-feira (28 de agosto de 2025) a máxima histórica, coroando um movimento de valorização que vem se consolidando nos últimos meses. A alta reflete não apenas fatores macroeconômicos favoráveis, mas também uma mudança sutil - e poderosa - na percepção dos investidores quanto ao futuro político do Brasil.
De um lado, os fundamentos econômicos ajudaram. Dados de atividade econômica e inflação indicam que o início do ciclo de corte das taxas de juros no Brasil está cada vez mais próximo. No cenário externo, o apetite por risco em mercados emergentes cresceu com a expectativa de cortes mais agressivos de juros pelo Federal Reserve, abrindo espaço para a valorização de ativos brasileiros.
Mas o motor mais simbólico dessa arrancada foi a leitura política. O mercado começou a precificar, com maior intensidade, a possibilidade de alternância de poder nas eleições de 2026. Não se trata de uma aposta definida em um nome ou partido específico, mas sim da perspectiva de que o ambiente político possa caminhar para maior previsibilidade e menor intervenção estatal na economia. Esse movimento, ainda difuso, já foi suficiente para reforçar fluxos de capital estrangeiro e aumentar a disposição de investidores locais em ampliar suas posições em bolsa, fazendo com que o principal índice da bolsa de valores do Brasil se aproximasse dos 142 mil pontos, acumulando uma alta de quase 18% em 2025.
Entretanto, é preciso cautela. A história mostra que máximas de mercado são frequentemente seguidas de períodos de correção. Entre os fatores que podem reverter essa tendência estão: o mercado voltar a dar mais relevância para o cenário fiscal do Brasil; um cenário externo menos favorável, com a retomada de pressões inflacionárias nos Estados Unidos forçando o Fed a manter juros elevados; ou ainda surpresas negativas no campo político, caso a sucessão presidencial de 2026 seja marcada por incertezas institucionais ou propostas econômicas consideradas hostis ao mercado.
O recorde do Ibovespa deve ser celebrado como sinal de confiança, e representa um fôlego ao investidor que manteve posições compradas em renda variável nos últimos anos. A euforia, entretanto, pode ser passageira. O que permanece é a necessidade de estabilidade econômica e política para que o índice siga encontrando fôlego para novos voos.
texto de Ayslan Guetner
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