foto Jose Cruz/Agência Brasil
Gabriel Galípolo enfim assumiu oficialmente a presidência do Banco Central, o que significa que assumiu a cadeira de guardião da nossa moeda, e a partir de agora passa a ser o responsável pela gestão do dinheiro dos brasileiros. Por este motivo, é fundamental entender como pensa Galípolo e seu modelo ideal de política econômica.
Antes da indicação de Galípolo à presidência do Banco Central, o mercado apresentava-se receoso, pois seu histórico acadêmico, seus artigos publicados e suas entrevistas indicam que ele é um forte defensor das ideias heterodoxas (ou desenvolvimentistas), como se diz no jargão econômico. Em outras palavras, ideias que defendem a participação do Estado como provedor do desenvolvimento econômico do país.
Talvez, em parte, isso explique por que a indicação de Galípolo foi considerada arriscada e causou preocupação em praticamente todos os agentes do mercado e investidores. Sua indicação sinaliza claramente que o presidente Lula estava à procura de um nome mais alinhado às suas ideologias, fazendo com que o mercado temesse possíveis interferências do governo no Banco Central.
(fotos Agência Brasil/ Lula Marques)
Desde sua nomeação, no entanto, Gabriel Galípolo vem trabalhando na construção de sua credibilidade. Seus discursos duros e alinhados aos discursos do até então presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, acalmaram parcialmente o mercado. Porém, parte do mercado ainda questiona-se: o Banco Central continuará sendo independente na prática?
Na sua apresentação oficial Lula disse: "você será o presidente com mais autonomia. Jamais haverá interferência". E ele vai cumprir a promessa? Não sei. Mas, sinceramente, espero que sim. O fato é que Galípolo assume o Banco Central com inflação nas alturas, dólar disparando, pressão política e um governo preocupado com sua popularidade pensando nas eleições de 2026.
A autonomia do Banco Central, apesar de tudo, é crucial para que haja confiança dos investidores em nosso país e, portanto, deve ser preservada. Sem autonomia, tanto o presidente quanto os diretores do Banco Central estão sujeitos a pressão política, e isso pode influenciar nas decisões de políticas monetárias com viés político e não técnico. Se os investidores tiverem a percepção de que o Bacen está sofrendo influências políticas, o dinheiro sai do Brasil. A consequência? Nossa moeda se desvaloriza e ocorre um aumento generalizado dos preços.
Até o momento, Gabriel Galípolo tem apresentado uma postura técnica. O desafio será equilibrar técnica e política em um cenário econômico sensível. O novo presidente do BC ainda sofre com suas posições assumidas no passado, que o descredibilizam de certa forma. O ano de 2025 será um excelente teste para validar a autonomia do Banco Central, ou não.
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