O Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Cardiológico Costantini promoveu a tradicional reunião semanal cientifica do corpo clinico institucional, em formato on-line, transmitida ao vivo pela sua plataforma digital na última quinta feira (26).
O tema abordado Atualização do tratamento da Covid-19. Neste evento, o Dr. Francisco Magalhães, médico infectologista e responsável pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) do Hospital Cardiológico Costantini (HCC) ministrou aula sobre o tratamento em paciente hospitalizado em estado grave, e o Dr. Costantino Costantini, diretor-geral do Hospital, apresentou o resultado da revisão retrospectiva de casos tratados no HCC com protocolo de tratamento precoce institucional.
Ao longo do ano de 2020, pacientes com vínculo assistencial institucional procuraram o pronto atendimento do Hospital para avaliação médica com suspeita ou confirmação diagnóstica de Covid-19. Esta procura motivou a elaboração de um protocolo especifico de tratamento.
Após revisão de artigos científicos (alguns com vários vieses de publicação), discussão com corpo clínico institucional, fundamentado pela autonomia do médico de prescrever, tratar e acompanhar os pacientes foi elaborado um protocolo de intervenção precoce, composto pelas seguintes medicações: Hidroxicloroquina (1 comprimido de 400 mg 2 vezes ao dia no 1º dia, seguido de 1 comprimido ao dia no 2º, 3º, 4º e 5º dias), Azitromicina (1 comprimido ao dia por 5 dias), e Zinco (66 mg 1 vez ao dia).
Entre abril de 2020 e março de 2021 os pacientes que chegaram à emergência do HCC com sintomas de Covid-19, foram apresentados à opção terapêutica elaborada pelo hospital. Aqueles que optaram por não seguir o protocolo de intervenção precoce foram medicados conforme sintomas, e avaliação do médico responsável pelo atendimento.
Já os pacientes que optaram por seguir o tratamento oferecido foram esclarecidos quanto aos possíveis benefícios e riscos e apresentados a um termo de consentimento livre e esclarecido. Aqueles que concordaram com a terapêutica e assinaram o termo foram submetidos a um eletrocardiograma (ECG) de repouso antes de iniciar o tratamento, e tinham agendado um retorno para repetição do exame 72 horas após início da utilização da medicação, em um ambiente preparado (isolamento). Além disso, todos os pacientes que utilizaram a medicação receberam uma ligação para avaliação e acompanhamento do estado geral 15 dias após o inicio do tratamento.
Após aproximadamente 1 ano, com a preocupação de avaliar os desfechos graves como internamento, necessidade de utilização de ventilação não invasiva (VNI), necessidade de intubação orotraqueal (IOT), óbito e evento adverso cardiovascular adverso, o hospital conduziu uma análise retrospectiva de banco de dados e prontuário eletrônico, associado à entrevista telefônica realizada com todos aqueles pacientes que apresentavam o diagnóstico confirmado de Covid-19, por meio do exame de RTPCR, com o objetivo de avaliar a evolução daqueles que tomaram ou não a medicação. As ligações foram feitas em média 80 dias após o atendimento inicial.
Para análise comparativa de resultados foram eleitos para análise inicial aqueles pacientes medicados até o quarto dia de sintomas. Ao todo, esta amostra foi composta por 199 pacientes, destes 152 concordaram com o tratamento (76,38%), e 47 (23,62%) não. Os pacientes que receberam a medicação internaram menos (9,2% contra 21%, valor de p< 0,05), precisaram menos de ventilação não invasiva (1,8% contra 4,2%, valor de p >0,05), necessitaram menos de intubação orotraqueal (0,66% contra 6,3%, valor de p<0,05) e tiveram menor mortalidade (0,66% contra 6,3%, p< 0,05).
Além disso, nesta amostra não foram observados eventos cardiovasculares adversos. Aliás, achado este reforço pelo estudo de Gasperetti et al,(2020) publicado na revista Européia de Cardiologia, que afirma que a utilização da hidroxicloroquina é segura quando realizada dentro de doses preconizadas. Os resultados desta análise retrospectiva de dados do HCC foram compartilhados com Dr Marcelo Queiroga, atual ministro da saúde.
O resultado desta análise retrospectiva de subgrupo sugere que se aplicado precocemente (até o 4º dia de sintoma) o tratamento precoce pode atenuar a carga viral e auxiliar no tratamento. "Lamentamos as prescrições inadvertidas de doses, a automedicação de pacientes, e o não acompanhamento regular daqueles que receberam a prescrição do tratamento precoce que prejudicam a análise deste tratamento em um grupo específico de pacientes, como por exemplo, aqueles que foram tratados até o 4º. dia de sintomas", afirma Dr. Costantino Costantini.
O médico cardiologista reforça a importância das medidas de distanciamento social, utilização de máscaras e necessidade de intensificar as campanhas de vacinação e sua velocidade de distribuição por todo o país. ?Temos que respeitar a doença, mas não temê-la. Precisamos manter distanciamento social, utilizar máscaras e principalmente das vacinas. Infelizmente hoje a velocidade da vacinação ainda é lenta, e precisaremos de outras alternativas imediatas de enfrentamento também?.
Ao longo de todo o estado pandêmico, o Hospital Cardiológico Costantini (HCC) vem trabalhando 24 horas por dia para atender a grande demanda de doentes cardiovasculares que tem procurado o hospital. ?Aproveito este momento para agradecer a todos os colaboradores do Hospital, em especial, os de linha de frente, que têm trabalhado com muita dedicação e competência. Notoriamente a gravidade dos pacientes cardiovasculares aumentou, exemplo disso é o número de infartos atendidos no ultimo ano na instituição (aumento de 32%). Seguimos neste momento com a nossa vocação de atender doentes cardiovasculares contribuindo com a sociedade e dando suporte ao atendimento destes doentes que continuam precisando de cuidados?, afirmou Dr Costantino Costantini.