Uma pesquisa publicada na Revista Científica Saúde em Debate coloca Cascavel e região com destaque negativo na relação consumo de agrotóxico e malformação congênita.
O estudo publicado em junho é de dois pesquisadores da Fundação Fio Cruz, Lidiane Silva Dutra e Aldo Pacheco Ferreira e leva o título "Associação entre malformações congênitas e a utilização de agrotóxicos em monoculturas no Paraná, Brasil". O vereador Paulo Porto (PCdoB) mostrou os dados hoje (21) na Câmara de Vereadores.
A pesquisa compreende o período de 1994 a 2003 e 2004 a 2014 e considera o uso de agrotóxico em milho e soja.
Os números mostram alta incidência devido ao contato das gestantes com o agrotóxico.
Na região de Cascavel nasceram 192 pessoas com problemas no sistema nervoso. Números expressivos também casos de fenda labial e palatina associadas ao consumo de agrotóxico: 177 casos.
"Foi encontrada uma tendência crescente nas taxas de malformação congênita no estado do Paraná, com destaque aos municípios de Francisco Beltrão e Cascavel. Essas malformações congênitas podem ser advindas da exposição da população a agrotóxicos, sendo uma sinalização expressiva nos problemas de saúde pública".
A pesquisa mostra ainda que é grande a quantidade de veneno consumido na região.
No Paraná, a região com maior consumo de agrotóxico (média 2014-2015) foram Cascavel (5.107,46 toneladas), Ponta Grossa (3.526,73 toneladas) e Toledo (3.336,95 toneladas).
A regional de Cascavel inclui é composta pelos municípios: Anahy; Boa Vista da Aparecida; Braganey; Cafelândia; Campo Bonito; Capitão Leônidas Marques; Cascavel; Catanduvas; Céu Azul; Corbélia; Diamante d Oeste; Foz do Iguaçu; Ibema; Iguatu; Itaipulândia; Lindoeste; Matelândia; Medianeira; Missal; Nova Aurora; Ramilândia; Santa Lúcia; Santa Tereza do Oeste; Santa Terezinha de Itaipu; São Miguel do Iguaçu; Serranópolis do Iguaçu; Três Barras do Paraná; Vera Cruz do Oeste.
A conclusão é a seguinte: "O presente estudo encontrou uma taxa maior de malformação congênita para a UR com maior uso de agrotóxico (UR Cascavel) e para o estado no Paraná no período com maior uso de agrotóxicos (2004-2014)".
A pesquisa também aponta dificuldade no controle efetivo de exposição aos pesticidas e que há um lobby dificultando o acesso a essas informações.
"Os dados referentes ao uso dos produtos não são sistematizados em bancos de dados informatizados para a grande maioria dos estados do País. Isso dificulta a mensuração do impacto da exposição ambiental desses produtos sofrida pela população. Além disso, o lobby exercido pelas grandes corporações impede, quase sempre, o acesso à informação. Muitas são as dificuldades no estabelecimento da relação entre MC e a exposição a agrotóxicos, a despeito de se ter substâncias reconhecidamente disruptoras endócrinas presentes nesses químicos".
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