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Ferrari é o foco das atenções em Abu Dhabi


A Fórmula 1 chega nesta semana a Abu Dhabi ainda sob influência de tudo que aconteceu durante o dramático Grande Prêmio do Brasil. No centro de todas expectativas está a Ferrari, tanto pelo choque que eliminou seus dois pilotos quanto pela já longa e desgastante discussão sobre a legalidade de seus motores. Após a corrida de Interlagos, a FIA reteve um motor da Ferrari e outro da Alfa Romeo, que também usa motores de Maranello e obteve um quarto lugar com o quarentão Kimi Räikkönen. Não satisfeita, reteve também um Honda da Red Bull. A intenção é dar um fim às acusações de que a Casa de Maranello deve sua maior potência por burlar a medição do fluxo de combustível. Segundo as regras, esse consumo não pode ser superior a 100 litros por hora. Ele é medido intermitentemente por um sistema que calcula a quantidade de gasolina que passa pelos extremos de um pequeno tubo instalado no tanque de combustível. A acusação é de que, nos carros da Ferrari, esse fluxo superaria o limite nos momentos em que não há medição. E já que decidiu medir o fluxo dos motores Ferrari, a FIA submeteu também os da Honda ao mesmo exame. É uma maneira de garantir o cumprimento das regras e a lisura das corridas, visto que também chamou atenção o desempenho superior dos motores japoneses no GP do Brasil, em que teve dois de seus carros no pódio. Leclerc x Vettel, um problema para 2020 No lado esportivo, também é a Ferrari que concentra o foco coletivo. A malfadada refrega entre Charles Leclerc e Sebastian Vettel ainda não teve suas consequências divulgadas - mas o tom do presidente da Ferrari, John Elkann, e o momento escolhido para abordar o assunto não deixam dúvidas quanto ao rigor. Falando no Dia dos Acionistas da Exor, a holding que comanda a Ferrari (assim como a Fiat Chrysler e a gigante do futebol mundial Juventus) e que é controlada pela família Agnelli, o executivo norte-americano admitiu claramente sua raiva. E foi além ao afirmar que a vitória da Ferrari é a única coisa que importa e que os pilotos têm de aceitar isso. As medidas para controlar os impulsos dos pilotos ainda não foram divulgadas, mas um esboço veio à tona após uma reunião entre o chefe da equipe, Mattia Binotto, e o CEO da Ferrari, Louis Camilleri. Elas vão de multas pesadíssimas a perda de prioridade nas corridas seguintes, que normalmente se alterna entre um e outro. Um primeiro contato entre Binotto e os pilotos já ocorreu, mas também foi mantido sob sigilo. Só se sabe que, ainda em Interlagos, Vettel teria admitido seu erro ao comentar com alguns engenheiros que só fez o movimento que resultou no choque por estar certo de que já se encontrava inteiramente à frente de Leclerc. Sabe-se também que não caiu nada bem o pedido de Leclerc de que fosse aplicada uma punição rigorosa e definitiva a Vettel. Principalmente porque a sua ultrapassagem sobre o companheiro já estava sendo vista como exageradamente temerária e agressiva, um sinal de que, para ele, o mais importante não são os resultados da Ferrari, e sim os dele. Diante desse quadro, não devem ocorrer novas hostilidades entre eles. Acima de tudo porque Binotto citou mais de uma vez que o ocorrido vai servir para definir de uma vez como será o convívio entre Vettel e Leclerc em 2020. E que não serão tolerados novos prejuízos à equipe em um ano em que, espera-se, os erros que limitaram as vitórias neste ano estarão corrigidos. Leclerc x Verstapen, um novo capítulo Leclerc terá, ainda, mais uma tarefa dura em Abu Dhabi: retomar de Max Verstappen a terceira posição no campeonato, perdida em Interlagos. Antes do GP do Brasil, ele tinha 14 pontos de vantagem sobre o holandês, mas a vitória do piloto da Red Bull o deixou com 11 pontos de desvantagem. Na teoria, as retas longas do circuito devem favorecer a maior velocidade da Ferrari. Além disso, a pouca altitude da pista, apenas 27 metros acima do nível do mar, não proporcionará aos motores Honda a superioridade verificada nos quase 800 metros de Interlagos. Por outro lado, trará de volta a Mercedes ao protagonismo habitual. Também outras disputas podem tornar mais atraente este próximo GP. Como a luta entre Pierre Gasly e Carlos Sainz pelo sexto lugar, ambos empatados com 95 pontos. Eles terão, também, de ficar atentos a Alex Albon, que não pontuou no Brasil e foi superado por eles, caindo do sexto para o oitavo lugar. Por ter em mãos um Red Bull, superior ao Toro Rosso de Gasly e ao McLaren de Sainz, o anglo-tailandês deve chegar à frente dos adversários, mas somar 12 pontos a mais do que eles não parece tão simples. Mesmo que Gasly e Sainz não marquem pontos, ele ainda precisaria chegar em quarto para retomar o sexto lugar no campeonato - um resultado altamente improvável com a volta dos motores Mercedes à forma habitual. Além de Lewis Hamilton e Valtteri Bottas, de quem se espera que retornem aos principais postos, os motores alemães também equipam a Racing Point de Sérgio Perez, que marcou pontos nas últimas cinco corridas e pretende aumentar essa sequência. Décimo no mundial de pilotos com 46 pontos, Perez tem o excelente novato Lando Norris e o veterano Räikkönen em seus calcanhares, com 45 e 43 pontos respectivamente. Na terça e na quarta-feira após o GP, o circuito de Abu Dhabi sediará o já tradicional teste de pneus. A principal atração será a estreia do controvertido francês Esteban Ocon na Renault, equipe que dividirá com o australiano Daniel Ricciardo em 2020. Serão dois dias cruciais também para a Pirelli, que ouviu duras críticas dos pilotos aos pneus que desenvolveu para o ano que vem quando eles foram experimentados em Austin, depois do GP dos EUA. Mário Isolla, o chefe de competições da marca italiana, argumentou que as condições na pista do Texas estavam longe do ideal. E que a decepção dos pilotos se deve às novas características dos pneus, projetados para terem um comportamento mais constante. Por isso, não oferecem os mesmos picos de aderência dos usados nesta temporada. Sette Câmara decide seu destino Também neste fim de semana em Abu Dhabi a Fórmula 2 terá suas últimas corridas do ano. Para o brasileiro Sérgio Sette Câmara, será muito importante manter o quarto lugar que ocupa atualmente na tabela do campeonato. Com essa posição, ele chegará aos 40 pontos exigidos pela FIA para a concessão da Super Licença, sem a qual nenhum piloto pode correr na F-1. Não que ela lhe garanta um lugar na F-1, já que atualmente praticamente todas vagas estão preenchidas. Mas sem dúvida facilitaria muito as negociações para 2021. Além disso, como não são raras as mudanças nas equipes no decorrer de uma temporada, é sempre bom estar pronto para eventuais surpresas. Foto: Ricardo Moraes/Reuters

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