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Bottas ou Ocon, o dilema da Mercedes - Por Lito Cavalcanti


Reconhecido como o chefe de equipe de maior habilidade política no paddock da Fórmula 1, o austríaco Toto Wolff vive nestes dias seu maior desafio. Líder da poderosa equipe Mercedes, ele vem vencendo os campeonatos de pilotos e de construtores da Fórmula 1 desde 2014, ano de introdução dos motores híbridos. Mas a continuidade deste sucesso depende de uma escolha que precisa ser feita até o fim de agosto: quem será o companheiro de Lewis Hamilton em 2020, o finlandês Valtteri Bottas ou o francês Esteban Ocon. São muitas as vantagens e poucas as desvantagens de cada um, mas a escolha de um ou de outro ditará os rumos da Mercedes para bem além do próximo ano. Bottas vai completar 30 anos no próximo dia 28. É um piloto maduro, experiente e veloz - ao ponto de somar nesta temporada quatro pole positions, o mesmo número que o pentacampeão Hamilton, que vive hoje seu melhor momento. Tem também neste ano duas vitórias, ocupa o segundo lugar no campeonato de pilotos e marcou 188 dos 438 pontos que permitem à Mercedes dominar com largueza o campeonato de construtores. EFICIENTE, MAS COM RESSALVAS Cordato e confiável, Bottas aceita se sacrificar pelo bem da equipe, e mesmo que tenha deixado a desejar nos dois últimos GPs, é visto internamente como uma peça valiosa. Nem mesmo sua disposição de se opor a Hamilton na luta pelo título deste ano afetou essa atitude - ao contrário, o pentacampeão inglês rasga elogios ao relacionamento de que desfrutam. Essas qualidades, porém, não bastam para contrabalançar as dúvidas que persistem sobre sua capacidade de vencer campeonatos. E é disso que a Mercedes vai precisar se Hamilton decidir se aposentar no fim de 2020 - possibilidade já levantada se o regulamento a ser introduzido em 2021 não lhe agradar. VELOZ E PERIGOSO Ocon, que completará 23 anos no dia 17 de setembro, não tem a experiência de Bottas, mas sua velocidade e sua competitividade fariam dele o piloto certo para fazer frente à ascensão da Red Bull e do motor Honda de Max Verstappen - a quem venceu no campeonato europeu de Fórmula 3 de 2014 - e à provável recuperação da Ferrari. Por outro lado, sua promoção causaria mudanças significativas no ambiente dos boxes. Seu convívio com o mexicano Sérgio Perez na Force India foi marcado pelo exagero nas disputas entre eles, prejudicando a equipe mais do que uma vez. Toto Wolff tem plena consciência de que um ambiente como o de 2016 (em que Nico Rosberg abriu guerra psicológica para bater Hamilton na luta pelo título) pode levar o inglês a ouvir com atenção propostas de outras equipes, como a Ferrari ou até mesmo a Red Bull - que tem Max Verstappen sob contrato só até 2020. Ao mesmo tempo, o empresário austríaco, que em um momento ou outro guiou as carreiras de Bottas e de Ocon, sabe que o jovem francês é promissor demais para ficar mais um ano fora das corridas: ou arruma um carro para ele ou o perderá por pelo menos dois anos. A solução seria colocá-lo em outra equipe em 2020 e repatriá-lo no ano seguinte. De fato, Ocon seria bem vindo em quase todas equipes do grid atual - mas não por menos de dois anos. Por mais promissor que seja um jovem piloto, ninguém aceita burilá-lo para vê-lo partir antes de colher os frutos. UMA AUSÊNCIA SENTIDA Conselheiro e eventual empresário dos dois candidatos nos primeiros momentos de suas carreiras, Toto Wolff mais do que nunca sente a ausência de Niki Lauda. Com seu temperamento objetivo e vasta experiência, o tricampeão austríaco seria de grande valia nessa escolha. Escolha que vai determinar os rumos da Mercedes a partir de setembro. Se for preterido, Bottas provavelmente vai-se tornar um adversário mais duro para Hamilton do que tem sido. Logo após o GP da Hungria, ele admitiu ter um plano B e até um C para essa possibilidade. E um piloto que tem o mesmo número de pole positions de Hamilton e já venceu duas corridas neste ano pode ser a solução para, por exemplo, uma equipe como a Renault, que cogita da substituição de Nico Hülkenberg. Se for o contrário, Ocon sem dúvida terá seu nome cogitado por equipes que podem precisar de novos nomes - como a Red Bull, que mesmo trocando Pierre Gasly por Alex Albon ainda tem dúvidas quanto a seus novatos, ou até a Ferrari, caso se confirme a hipótese de uma aposentadoria precoce de Sebastian Vettel. Ou também pela mesmíssima Renault, com quem tinha um acerto apalavrado para este ano até Daniel Ricciardo ficar solto no mercado. Seja quem for o escolhido de Toto Wolff, a música da dança das cadeiras já começou a tocar. NASR É A APOSTA DA McLAREN Mesmo sem confirmação, a contratação de Felipe Nasr para ser o principal piloto da McLaren na Fórmula Indy em 2020 é tida como certa. Essa quase certeza se baseia nos excelentes resultados obtidos pelo piloto brasiliense no teste feito na pista de Mid-Ohio, um dia após a corrida da categoria na mesma pista. Por nenhuma coincidência, o teste foi feito com um carro da Schmidt-Peterson, equipe a que a McLaren se associou nesse seu retorno ao automobilismo norte-americano e que terá Gil de Ferran como líder. Os tempos obtidos por Nasr não foram divulgados, mas quem esteve presente revela detalhes mais do que positivos. Segundo comentários, seu melhor tempo, marcado com pneus (macios) já com 18 voltas de uso, lhe daria o quarto lugar no grid - e teria sido melhor que o da volta mais rápida da corrida. Vale lembrar que os pilotos oficiais da equipe, James Hinchcliffe e Marcus Ericsson (ex-companheiro de Nasr na equipe Sauber na F1) foram 11º e 12º no grid de Mid-Ohio. Logicamente usando pneus macios novos. Imagem: REUTERS/Lisi Niesner


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