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PEC: após rebelião cenário é de destruição

Sujeira, presos desaparecidos, mortes marcam o fim do motim


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A tarde ainda serviu para contabilizar os estragos. Polícia Militar e Agentes Penitenciários fizeram uma varredura na Penitenciária Estadual de Cascavel, e a cada saída voltavam com mais surpresas. Aqui fora ficou exposto o arsenal que os rebelados tinham em mãos nas mais de 40 horas que tiveram o poder da Unidade. Armamento improvisado, mas que serviu para amedrontar os reféns. Tesouras, pedaços de grades, suportes, equipamentos odontológicos, todos materiais pontiagudos, e pelo menos 200 deles foram encontrados. Às 16h a imprensa teve a liberação para entrar em partes da unidade. As primeiras cenas são mais de bagunça. Roupas e calçados jogados. Colchões e outros materiais revirados nas celas e corredores. Conforme avançávamos os estragos apareciam. Fiação danificada, telhas e vidros quebrados e focos de onde o incêndio passou durante a rebelião, e tomou grades e objetos. O cheiro de queimado e urina era bem forte. Na escola que funcionava no presídio, os livros didáticos ficaram espalhados pelo chão. O álbum onde ficam as fotos dos presos fichados foi rasgado. Computadores não serão recuperados. Por todo o lado se viam marcas do PCC (Primeiro Comando da Capital), facção criminosa que esteve à frente do motim. Nestas marcas na parede, a sigla está escrita com sangue humano. A partir deste ponto ninguém da perícia técnica pode passar. O acesso ficou impossibilitado porque o local que funciona como uma fábrica de botinas foi praticamente todo incendiado, e a estrutura ficou comprometida. Ainda hoje os bombeiros apagavam chamas deste lugar. Mesmo com toda a destruição sobrou um dos blocos, onde foram realocados alguns presos. Sobre os números houve divergência. Os dados não batem, e sete presos estão desaparecidos nas contas do Depen. As listas de nomes de feridos, mortos e transferidos ainda não foram finalizadas, o que se sabe é que dos detentos identificados como líderes do motim, cinco foram transferidos. Um deles é Washington Presence de Oliveira, de 28 anos, condenado a 80 anos de cadeia. Ele teria matado oito pessoas e é considerado de alta periculosidade, já esteve preso na Penitenciária de Segurança Máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Entre os crimes responde por latrocínio, em Iporã, triplo homicídio em Terra Roxa, assalto em Altônia, porte ilegal de arma de fogo e homicídio por asfixia de um colega de cela no Presídio Estadual de Maringá. E foi para o Norte do Estado que ele foi transferido. De novo para Maringá. Com ele também seguiu outro líder, Marcio da Silva, o Paulista. Outros criminosos que lideraram o movimento foram Julio Cesar Goberti, o "Pauladinha", e Anderson Claiton da Silva o "De Menor", os dois tem 20 anos e foram condenados em fevereiro há 18 anos de prisão por homicídio. Um quinto líder não teve a identidade divulgada. Esses três seguiram para Piraquara. Alessandro Meneghel, que é acusado de ter matado um policial federal em frente a uma boate em 2012, em Cascavel, que queria também a transferência, permaneceu em Cascavel. O diretor do Depen assume que todas as vagas para transferência não existiam. A PEC poderá voltar a receber mais presos, porém só depois de uma ampla reforma. Somente depois de uma análise do setor de Obras do Estado, um orçamento e um prazo para que a recuperação acontece serão anunciados. Já a parte de material humano o Depen entende que no momento da rebelião poucos agentes faziam segurança no local. Os agentes penitenciários feitos reféns foram levados ao hospital com escoriações, um deles já teve alta, outro ainda em estado de choque permanece internado. Presos de confiança ajudaram na remoção de colchões que não foram queimados. Eles serão usados para os transferidos para a PIC (Penitenciária Industrial de Cascavel). O motim, que teve início no último domingo só foi finalizado após 44 horas de intensas negociações entre a cúpula da segurança pública do Paraná e os detentos. As 4h da madrugada desta terça-feira (27) os reféns foram liberados e as transferências viabilizadas com quase 20 ônibus.

Jornal Catve 2ª edição

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