Cotidiano

Superbactéria detectada em paciente no HU preocupa população

Todos os atendimentos de alta complexidade estão suspensos


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Para quem tem parentes internados no Hospital Universitário em Cascavel, a manhã foi de preocupação. Muitos acompanham desde cedo as notícias da imprensa e só pensam na alta hospitalar. "Sempre tem medo porque quem tá aqui dentro é um risco, principalmente o recém-nascido. Até a gente já vem meio prevenido se der alta já levamos embora e ficamos com ela em casa". Diego só soube da notícia ao chegar para visitar o filho recém-nascido e também se assustou com o risco de contaminação. Quem está lá dentro acompanha desde ontem a tarde (22), a tentativa de desinfecção do hospital. "Estava em um quarto com oito pacientes, mais os acompanhantes. Oito pacientes mais os acompanhantes, eles estão lavando, tirando e colocando e amontoando ali" "Estão lavando, está tudo bem limpinho, inclusive mudaram de quarto, lavaram outro quarto bem limpinho, bem arrumadinho, bem cheiroso". Depois de 14 dias de espera esta família decidiu transferir o parente que precisa de uma cirurgia para evitar o risco de uma contaminação. "A gente resolver acionar o seguro do carro que bateu nele para transferir ele daqui por causa da bactéria que estão falando e eles falaram que a cirurgia dele estava marcada para daqui a pouco, hoje e não era certeza. A gente está tirando mais por causa da bactéria mesmo, porque estão amontoando os pacientes nos quartos para lavar". Toda essa situação é causada pela contaminação de uma paciente pela bactéria KPC, conhecida como superbactéria. Ela é resistente há vários antibióticos e de difícil tratamento. "Essa bactéria KPC é uma bactéria altamente resistente que habitualmente ela é característica de um paciente muito comprometido, pacientes pós-operatório, pacientes idosos, que usam cateteres. Essa bactéria tem uma incrível capacidade de mutação genética, o grande problema de quem está infectado com essa bactéria é uma infecção generalizada no corpo inteiro que acaba com as resistências do próprio doente e não há antibiótico suficiente para matar essa bactéria". A contaminação se dá de forma direta no contato entre pacientes e profissionais, ou com materiais contaminados. Do lado de fora é possível ver a lavagem de janelas e paredes e a preocupação de funcionários com a limpeza de macas, colchões e lençóis, até um furo no colchonete é motivo de preocupação. A prevenção é simples e deveria fazer parte de toda população. "Principalmente quem transmite ela são os profissionais da área de saúde que não lavam as mãos adequadamente e não usam álcool depois de lavar as mãos. Como que isso acontece? Se você for hoje em alguns corredores de hospital, o paciente não devia estar no corredor e sim na enfermaria. São muitos pacientes, poucos funcionários, os funcionários não tem tempo de lavar as mãos. Então hoje nós estamos dando antibiótico caríssimo para matar a bactéria enquanto o mais simples é lavar as mãos". A paciente que estaria contaminada com a superbactéria chegou ao hospital no dia sete deste mês, passou pela sala de emergência, pela UTI e pela ala de clínica médica e cirúrgica, setores que agora estão isolados e por enquanto não devem receber novos pacientes. Todos os casos de alta complexidade estão sendo encaminhados para outros hospitais da cidade, a comunicação a central de leitos só aconteceu hoje pela manhã, por isso a vítima de um acidente de trânsito ficou três horas em frente ao pronto socorro aguardando atendimento ontem a noite. "Desde a hora que ele se acidentou já faz três horas que ele está dentro da ambulância, o oxigênio está acabando, ele está acidentado dentro da ambulância. Se o HU não pode receber mais ninguém, e as outras emergências que estão vindo aí? Quer dizer que ninguém pode se acidentar porque o HU está fechado? Então vamos falar para ninguém mais se acidentar que aqui não pode receber mais ninguém, cadê o plano B, cadê a gestão do hospital, cadê alguém para receber nós aqui? O cara está dentro da ambulância, vamos esperar mais alguém morrer?" "Nós não temos mais vagas de UTI, não temos respirador para colocar esse paciente, estamos com a sala de emergência com sete pacientes, e se eu colocar esse paciente dentro dessa UTI aonde essa paciente estava eu vou levar esse paciente ao risco de adquirir a infecção". Mesmo diante dos riscos casos de menos gravidade continuam sendo atendidos, pacientes e acompanhantes até agora não receberam nenhuma orientação. Quem chega se desespera sem saber quais os riscos que cobre.

Jornal Catve

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