Cotidiano

Reintegração de posse é realizada em fazenda de São João do Oeste

Mais de 100 famílias estavam na área de 380 alqueires


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Na guarita já não tem mais ninguém, e dentro do acampamento Sete de Setembro o ritmo é de mudanças. As famílias do Movimento Sem Terra (MST) têm até o dia 30 deste mês, sexta-feira da semana que vem, para deixar as terras invadidas da Fazenda Rimafra, no distrito de São João do Oeste, em Cascavel. A proprietária da área de 381 alqueires cedeu caminhões para as mudanças depois de um acordo firmado na semana passada. "Esse acordo foi feito entre INCRA, entre o advogado deles e o advogado da proprietária." As negociações para a reintegração vinham ocorrendo desde julho do ano passado e tiveram andamento depois que o INCRA não tomou nenhuma medida para compra. "Em 2012 nós tínhamos conversado com o proprietário e pedida para que colocasse essa área a disposição do INCRA, para que o INCRA fizesse uma avaliação e resolvesse o conflito. E ele nos atendeu, mas deixou até 2016 e nesse período o INCRA não fez nenhuma avaliação na área e ele pediu pra nós ano passado que gostaria de ter essa área novamente porque ele estava com dificuldades e precisava reaver a área." A fazenda foi invadida no dia 7 de Setembro de 2005, com a justificativa de que todas as terras estavam penhoradas e o INCRA tinha interesse em adquiri-las para reforma agrária. Um dia após a invasão uma decisão judicial deu reintegração de posse para os proprietários, porém, a determinação não foi cumprida. E é essa mesma decisão de 2005 que está sendo cumprida agora, depois de 12 anos. "Fui eu que estive aqui naquela época fazendo a intimação deles, para eles desocuparem a área que o juiz deu o pedido liminar." Desde o ultimato, os oficiais de justiça têm vindo com frequência ao acampamento. Só nesta semana já é a terceira visita. Da sede do acampamento mais da metade das famílias já saíram. Algumas estão indo para cidade outros acompanham o movimento em outros acampamentos ou assentamentos sem-terra. Igor e a mãe vão para o 1º de agosto, aqui mesmo em Cascavel. "Aqui é o único acampamento que tem mais perto aqui né?! Ou se quiser a pessoa vai pra onde quiser. Daí no caso, eu estou indo pro 1º de Agosto por opção minha." Todas as lideranças do movimento já deixaram o acampamento. Seo Claudiomiro se queixa de não ter tido permissão para continuar no MST e terá que morar na cidade. "Pra uns eles conseguiram recolocar nos assentamentos, mas uns parece que não teve esse direito, ou não tem lugar. Não sei, é mais ou menos isso aí." Cada família tinha um lote para construir a moradia, além de dois a três alqueires para o plantio. Nesse quase 12 anos, o movimento se dividiu e algumas famílias ocuparam outras partes da Fazenda e construíram casas mais distantes umas das outras. Esse grupo desgarrado apresentou resistência à reintegração. "As pessoas que tem uma dissidência do movimento aqui, que deixaram o movimento MST e algumas estão colocando alguns obstáculos. E a gente está conversando e felizmente estamos chegando a um bom termo." Na época da invasão, a Fazenda estava arrendada. O locatário estava prestes a começar o plantio na data, e perdeu tudo. Com a saída do MST ele pretende ingressar com ação de ressarcimento na justiça. A proprietária ainda não definiu quais vão ser os próximos passos. "A gente também está aí fazendo o que for preciso para colocar a fazenda para produzir." Em toda a fazenda são quase 100 famílias. Se depois do dia 30, prazo final, ainda estiver alguém morando aqui o uso da força policial está autorizado. "Se sobrar alguém que não queira sair e que eu espero que não aconteça, o reforço policial já está deferido e daí infelizmente, será despejo e não a desocupação pacífica."

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