O estudo mais recente sobre a depressão realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que 5% da população mundial, aproximadamente 350 milhões de pessoas sofrem de depressão, e que até 2030, a doença seja a mais comum do mundo, à frente de câncer e problemas cardíacos. No Brasil, a depressão atinge 10% dos brasileiros, mas apenas 4,2% sabem que tem a doença.
Mas afinal, o que é a depressão? O psicoterapeuta, professor e escritor, Renato Dias Martino, diz que, de forma geral, a depressão é descrita de toda categoria de elementos que se encontre de maneira rebaixada ou colocada no nível inferior às outras. "Na geografia topográfica, por exemplo, se utiliza do termo para descrever as regiões mais profundas do terreno. Desta mesma forma, a psicologia se utilizou desse conceito para descrever o recolhimento dos investimentos emocionais", fala o psicoterapeuta.
A depressão, segundo a OMS, é diferente das mudanças de humor mais comuns. Ela se manifesta por um sentimento de tristeza que dura, ao menos, duas semanas, e que impede a pessoa de levar uma vida normal. É fruto da interação de fatores sociais, psicológicos e biológicos. Em muitas ocasiões, está relacionada com a saúde física.
Foi o que aconteceu com a dona de casa, Elisabete Aguiar Loureiro, 55 anos. Ela conta que mortes de parentes queridos e separação na família foram acumulando ao longo dos anos e começou a perceber em maio do ano passado que podia estar com a doença. "Eu ficava quieta dentro de casa, quando meu marido saía para trabalhar, eu deitava no sofá e chorava o resto do dia. Quando minha filha vinha me visitar, eu enxugava as lágrimas e tentava ser forte, mas teve um dia que ela percebeu e foi a partir daí que vi que precisava de ajuda", fala Elisabete.
Por isso é fundamental os amigos e familiares ficarem atentos a qualquer mudança repentina de alguma pessoa próxima. Porque em alguns desses casos, provavelmente a pessoa pode estar com depressão e necessitará de ajuda. É também sempre importante respeitar a zona de conforto de cada pessoa para não agravar o problema.
"Quando um estado de depressão severa se pronuncia os sinais são evidentes de que existe a necessidade de resguardar-se, por conta de certa fragilidade emocional. Assim, quando não se pode respeitá-la, muito provavelmente a situação pode se agravar e desenvolver-se-á um quadro mais severo de depressão. A insistência em se expor as experiência emocionais, quando se está fragilizado emocionalmente, pode trazer sérios danos e uma grave depressão é um provável desfecho para isso", diz o psicoterapeuta Renato Dias Martino.
Para tratar da doença existem alguns tipos de tratamentos como: a base de antidepressivos, remédio placebo e psicoterapia. O tratamento de Elisabete é feito com antidepressivos, ela explica que vai ao psiquiatra a cada seis meses para realizar outro diagnóstico, mas que em pouco tempo de tratamento já sentiu uma melhora significativa. "Hoje estou bem, continuo o tratamento, mas posso sentir a melhora desde a primeira semana de tratamento. O importante é a pessoa aceitar que precisa de ajuda", conta a dona de casa.
"De qualquer forma, qualquer que seja o método terapêutico aplicado será imprescindível um cuidado especial, onde o respeito ao tempo de cada um, que nunca é igual para todos, deve ser considerado. Não acredito em métodos de tratamentos que não impliquem acolhimento e a dedicação cuidadosa de alguém qualificado para isso", explica o psicoterapeuta Martino.
Gazeta do Interior/TV Cultura