Esporte

Futsal: Vice-Presidente da FPFS José Marcos Barbosa morre aos 75 anos

O ex-atleta é considerado um dos maiores treinadores do futsal brasileiro de todos os tempos


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A Federação Paulista de Futsal informou a morte José Marcos Barbosa, Vice -Presidente da FPFS, ex atleta e um dos maiores treinadores do futsal brasileiro de todos os tempos. José Marcos Barbosa, que ficou mais conhecido no meio esportivo como Marcos Barbosa, a principio como o auxiliar técnico e posteriormente como treinador, ajudou a revolucionar, de inicio no seu clube, a Sociedade Esportiva Palmeiras, a partir da década de 60, na organização interna e na tática do futebol de salão, expandindo suas idéias e projetos sobre o futebol de salão, principalmente em São Paulo, e a quem mais se interessasse, tanto no Brasil quanto na America do Sul, curte. O Vice Presidente da FPFS residia no bairro da Barra Funda, zona oeste da cidade de São Paulo. Nascido em Echaporã-SP no dia 7 de setembro de 1941, Marcos Barbosa foi criado no vizinho município de Assis-SP, onde apenas como Zé Marco teve sua formação esportiva orientada a partir dos 9 anos de idade, como goleiro no time de futebol de campo da paróquia da Vila Xavier nos campeonatos organizados pelo José Maritano, egresso da Itália no pós guerra, o qual presenteou aquela geração com princípios religiosos e morais através de vários esportes básicos, além de cinema, música e tantas outras artes. Jogou futebol de salão pela equipe da Ford nos campeonatos da cidade ainda com as primeiras regras, valendo tabela nas paredes das laterais, e bola com recheio de crina e/ou espuma de borracha, cujo melhor time da cidade, o Galinheiro de Assis e/ou Boa Vista vencia com alguma facilidade os grandes times da Capital, Corinthians, Palmeiras, Universitário e outros. Chegou a jogar também nos amadores da Ferroviária de Assis, e pouco antes de se mudar para São Paulo, realizou inclusive duas partidas amistosas, uma em Salto Grande e outra em Bernardino de Campos pela equipe profissional que disputava a segunda divisão do Campeonato Paulista de Futebol contra Linense, Garça, São Bento de Marília e outros da época. Chegando na capital paulista a partir de janeiro de 1957, com 15 anos completos, jogou no Sul Americano do Bom Retiro,onde passou a ser chamado apenas de Marcos por jocosamente entenderem que já havia muito Zé em São Paulo. Em 1958, pelo C.A. Invictus, foi campeão na Liga LECI, e no quadrangular final do campeonato amador da Capital com as equipes da Matarazzo campeã da Liga da ACEA, do Lestinho e do Sampaio Moreira, campeões varzeanos, prevaleceu a forte equipe da Matarazzo. Chegou em São Paulo com ginásio e curso da datilografia completos, e por conta disso conseguiu trabalho na Philips do Brasil, já uma grande empresa na época, ali trabalhando até dezembro de 1959, onde passou a ser chamado apenas de Barbosa, porque seu chefe chamava-se José Luiz Marcos. No final de 1958 por lesões no menisco e ligamento do joelho direito foi obrigado a interromper temporariamente a prática de futebol, ainda que enfaixando o joelho, voltasse a jogar no campeonato classista pela Laborterápica Bristol de Santo Amaro e pelo Melhoramentos da Lapa, novamente sob o comando do técnico Miguel Masi Neto visto que a fábrica que mantinha o Clube Atlético Invictus deixou de existir. Ambos sócios da Sociedade Esportiva Palmeiras e frequentadores assíduos de todas as competições, foram chamados para integrar a comissão técnica do futebol de salão do clube. Miguel Masi Neto era o diretor, e Marcos, como ele mesmo se denomina, era um faz tudo, ajudava nas menores, treinava goleiros, criava formulários, cuidava das estatística na secretaria, era inscrito como goleiro reserva para ficar na quadra e no banco ao lado dos treinadores. A partir de janeiro de 1960, apenas maior de 18 anos, conseguiu preencher os requisitos para uma vaga como escrevente do quarto cartório de títulos e documentos da capital, tendo que ser emancipado para cumprir a exigência de idade acima de 21 anos, auferindo melhor salário em que pese o bom salário na Philips do Brasil. Em 1969, Flávio Varella, grande amigo e treinador da equipe, em função de problemas particulares e de trabalho, começou a se licenciar vez ou outra do cargo, e assim, Marcos Barbosa passou natural- mente e gradativamente a assumir o time de futebol de salão, e já em 1970, comandou a equipe na 2ª Taça Brasil de clubes, realizada em Natal-RN, vencida pelo Palmeiras. No ano seguinte,1971. mesmo com pouco tempo de carreira, Barbosa foi chamado para comandar a Seleção Brasileira no campeonato Sul-Americano, que tinha como base a própria equipe do Palmeira, que o treinador tão bem conhecia. O time canarinho foi campeão invicto naquele campeonato realizado na Capital de São Paulo. Ainda em 1971 fez parte da comissão técnica da seleção paulista na conquista do primeiro título nacional nos campeonato brasileiro de seleções. Neste período de 1971 e 1972 o Palmeiras sagrou-se primeiro campeão sul-americano de clubes em Assunção, Paraguai, e bi-campeão sul-americano de clubes em Montevidéu, Uruguai. Em 1977 a CBD convocou o treinador Marcos Barbosa, para assistir o Campeonato Brasileiro de Seleções em Porto Alegre-RS, e escolher os quinze atletas para comporem a Seleção Brasileira para disputar o Sul-Americano de Seleções na cidade de Porto Alegre-RS. Numa reunião no Rio de Janeiro, a semanas do campeonato, o supervisor Pinheiro, entendia que a convocação do treinador Marcos Barbosa deveria ser alterada em algumas posições até para atender politicamente algumas federações. O treinador Marcos Barbosa não concordou e confirmou sua total independência, desapego ao cargo e pleno amadorismo no trato do futebol de salão, solicitando por escrito, demissão em caráter irrevogável. Posteriormente o sr. Pinheiro deixou de ser o supervisor. A convocação anterior do Marcos Barbosa foi confirmada, foi chamado o treinador do Internacional de Porto Alegre, e o Brasil numa campanha digna de elogios foi campeão novamente. Mesmo assim, o treinador continuou brilhando com a verdadeira máquina que era a equipe do Palmeiras, que contava com o genial Sorage e outros grandes jogadores da época. Ficou no Verdão até o ano de 1981 onde por varias vezes acumulou funções, tanto na qualidade de dirigente como técnico da equipe juvenil, onde nesta categoria também conquistou alguns títulos, se transferindo na temporada seguinte, aí já auferindo uma boa ajuda de custo, para outro time que marcou época no futebol de salão brasileiro: o Gercan de Douglas, Paulinho Rosas e tantos outros jogadores excepcionais. Por lá ficou até 1984, conquistando títulos metropolitanos, todos os Estaduais disputados, vice e terceiro em duas Taças Brasil, e diversos torneios de importância nacional. Em 1986 atendeu graciosamente um chamado do amigo Mauricio Martinelli, para cuidar de uma nova geração de atletas do Palmeiras no returno do Campeonato Metropolitano, vencendo o segundo turno e sendo vice campeão no quadrangular final. Em 1986, deixou de lado a carreira de treinador para continuar os estudos, e sempre conciliando o trabalho no cartório, se formou na Faculdade de Direito. Teve rápidas passagens não completamente amadoras pelo Bordon e Portuário de Santos, momento em que as equipes paulistas tentavam se igualar a outras equipes do país no aspecto profissional de trabalho intensivo, vários períodos de treinamento, noturnos e diurnos, coisa que se só se conseguiu atualmente por algumas equipes de São Paulo. Em 1991, novamente graciosamente, retornou ao Palmeiras, e após um jejum de 11 anos, o Palmeiras foi campeão metropolitano novamente.Coincidentemente a última conquista havia sido sob o comando do próprio Marcos Barbosa. A pedido continuou para o campeonato estadual, de lembrança cruel diante da perda do querido atleta Japão, fato que transtornou a equipe tornando difícil harmonizar tudo novamente, mas ainda assim chegou ao quadrangular final sem conseguir o título estadual. Ao deixar o Alviverde, assumiu o comando do Cães Vadios, fundado no Bixiga por um grupo de amigos malucos e alegres, pertencentes a todas as camadas sociais e culturais, e que reunia figuras e atletas de muita história no futebol de salão. O Cães Vadios treinava uma vez por semana a noite, mas nos jogos deixava os grandes adversários em pânico. Seu penúltimo trabalho no esporte foi em 1999, na comissão técnica da Seleção Paulista, que naquele ano sagrou-se campeã no campeonato brasileiro de seleções realizado na cidade do Rio de Janeiro. Em janeiro de 2010, no evento pré demolição e despedida do ginásio de esportes do Palmeiras, considerado um espaço sagrado do futebol de salão, foi homenageado pelos ex-salonistas com um troféu no formato de um tênis dourado com a inscrição: Marcos Barbosa "Simbolo do amigo perfeito", o que, exageros à parte, o deixou extremamente lisonjeado. Em 2016 foi convidado por Nilton Romão, (Presidente da FPFS) para compor sua diretoria como Vice ? Presidente da Federação Paulista de Futsal, assim como foi em toda sua carreira esportiva, Marcos Barbosa cumpriu com excelência este cargo na entidade paulista. Em respeito aos amigos e familiares deste mito do futsal, diretores, funcionários, colaboradores, atletas e dirigentes prestam sua solidariedade, reconhecem a grande importância de Marcos Barbosa para o desenvolvimento da modalidade, e principalmente, está de luto pela perda desta lenda.

Redação Catve.com com Assessoria FPFS

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