Esporte

Emoção toma conta de Arena Condá em velório da Chapecoense

Os torcedores pouco tinham força para entoar os gritos de guerra


Imagem de Capa

Choveu duas vezes nesta semana na cidade do oeste catarinense. Uma na última terça-feira, na madrugada do acidente com o avião da Chapecoense. A outra, no sábado mais triste da história do município de 210 mil habitantes. A água vinda do céu se misturava às lágrimas dos torcedores nas arquibancadas da Arena Condá. Foi assim quando eles viram pelo telão do estádio a aterrissagem por volta de 9h30 das duas areronaves Hércules, da Força Aérea Brasileira (FAB), com os 50 caixões vindos de Medellín, o local da maior tragédia do jovem clube de futebol de 43 anos. Com capas e guarda-chuvas para se protegerem do dilúvio, os torcedores pouco tinham força para entoar os gritos de guerra. Anestesiados, ficaram de costas para o gramado. Olhos fixos no telão. Aplausos a cada saída das urnas de dentro do avião. Por incrível que pareça, nenhum foi mais alto do que o outro. Quando o último caixão passou, sim, todos os jogadores, dirigentes, comissão técnica e demais funcionários vítimas do acidente foram ovacionados. Quando os caixões entraram nas carretas para o cortejo, mais emoção. Gritos de "olê, olê, olê, olê, chape, chape". Os brados abafaram por alguns instantes o som da música fúnebre tocada no sistema de som da Arena Condá. Apesar da chuva, ninguém arredava os pés do estádio. Para tentar amenizar a dor, a mascotinha trajada de Índio Condá passou pelo gramado. Fez graça em frente à trave em que o goleiro Danilo fazia seus milagres. Arrancou sorrisos discretos, cânticos "de estou sempre contigo, não importa onde estejam, sempre estarei contigo", uma paródia da música da banda dos Mamonas Assassinas. Mas o silêncio voltou. Olhos direcionados para o cortejo. Ansiedade para o momento mais duro. À entrada dos caixotes com os heróis que levaram o clube da Série D à final da Copa Sul-Americana no gramado em que eram idolatrados. A longa espera estava chegando ao fim, reforçada por torcidas organizadas de várias partes do Brasil e da América, como Cruzeiro, Bahia, Juventude, Independiente, Paysandu, Vitória, Inter, São Paulo, Atletico-MG, Coritiba e Atletico-PR. Pouco a pouco, os familiares das vítimas retornaram ao estádio. Foram sendo acomodadas perto do local reservado aos caixões. Dona Ilaídes Padilha foi quem mais ouviu o nome do filho gritado: "Danilo, Danilo". O goleiro chegou a deixar o local do acidente com vida, foi resgatado pelos colombianos, mas não resistiu.

Correio Braziliense

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