Está cada vez mais difícil entender a sociedade. Em tempos em que se propaga a necessidade urgente de envolver adolescentes em atividades que os defendam das garras do crime, um grupo que se dedica a ensaios de Maracatu em Foz do Iguaçu foi alvo de atitude clara de intolerância. No fim da semana que passou, alunos de Foz do Iguaçu que fazem parte do Ponto de Cultura Maracatu Alvorada Nova foram surpreendidos esta semana pela atitude de um homem que usou de veneno, ao que indica nas imagens, para dispersar o ensaio. O homem que aparece nas imagens é o empresário Rosalvo Souza. Visivelmente irritado, ele chega com um pulverizador para passar veneno e começa a borrifar na direção os alunos, no gramado e sobre objetos. A ação foi gravada e quando questionado se trata-se de veneno, ele afirma que sim. "Isso aqui é veneno tá. Estou jogando veneno". A pessoa que gravou ainda questiona e afirma que ele está pulverizando a substância tóxica em adolescentes. Rosalvo responde, no vídeo, que está fazendo aquilo ele afirma. "Palhaçada é vocês tocarem essa m** que incomoda nós. Isso não é cultura, isso é uma vergonha", afirmou o homem no vídeo. "NÃO ERA VENENO". Embora tenha assumido no vídeo que o líquido contido no borrifador era veneno, ao blog o empresário Rosalvo Souza deu outra versão. Ele também afirmou que já tentou por diversas vezes resolver a situação mas ninguém se responsabilizou. Ele também diz se sentir envergonhado. "Primeiro não joguei nada nos alunos, segundo o que estava na máquina era água. Portanto se você e quiser saber o porque desta situação que chegou a isso, está situação começou a muito tempo atrás, portanto está situação envolve colégio, órgãos municipais e estaduais. Tentamos por diversas vezes resolver esta situação, mas ninguém assumiu a responsabilidade e chegou nesta situação lamentável. Eu me sinto envergonhado por tudo que está acontecendo". REPÚDIO A atitude do empresário gerou muitas críticas. O Ponto de Cultura Maracatu Alvorada Nova emitiu uma nota de repúdio. Eles classificam a reação do empresário como intolerância com a arte e que atingir o Maracatu é um ato racista por ser um ritmo de origem afro-brasileira. Segundo o texto, o Ponto de Cultura tem apoio da Secretaria Municipal de Educação, Núcleo Regional de Educação, e Governo Federal para desenvolver suas atividades e o projeto que difunde a linguagem do Maracatu, principalmente pela música, é realizado há quatro anos. Os ensaios do grupo que foi abordado pelo empresário já ocorrem há três meses. Veja a nota na íntegra. "O Centro de Cultura Popular de Foz do Iguaçu, entidade responsável pelo projeto Ponto de Cultura Maracatu Alvorada Nova, expressa com total repúdio a atitude de um senhor comerciante Rosalvo Souza, que na manhã de hoje se mostrou repleto de ódio contra nossos alunos, que se dedicam a mais de 3 meses a difundir a linguagem do Maracatu! O projeto é realizado por nós há quatro anos. Já passamos por diversas escolas e juntamente a Secretaria Municipal de Educação, Núcleo Regional de Educação, e Governo Federal, fazemos a nossa trajetória.Nossa caminhada é repleta de boas energias e esperança num mundo melhor, somos uma das mais antigas entidades culturais do município e nunca imaginamos viver tamanha intolerância, somos artistas e com muito orgulho batalhamos pela cultura iguaçuense levando com axé a linguagem dos nossos Maracatus ao mundo. Temos convicção que a arte transforma vidas e muda realidades, por isso ficamos ainda mais revoltados, hoje apesar da indignação, afirmamos que atitudes racistas e intolerantes nos dá ainda mais força para seguirmos firmes, e ainda mais fortes, juntos as nossos alunos que estão com suas agendas de apresentações cheias.. Atingir o Maracatu não é só ser intolerante,é sobre tudo ser racista, e por isso afirmamos que não passará impune, e todas as atitudes necessárias já estão sendo tomadas!"

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